quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Almoço regional



Almoço de feira VIP


Eu já tinha ido lá milhares de vezes, quase sempre para fazer matérias para o jornal. Mas, ontem, depois de já estar na rua de manhã, deu vontade de almoçar e tomar açaí de sobremesa. A Feira da 25 de Setembro me pareceu a melhor opção para fazer as duas coisas no mesmo lugar.

Ao chegar, o primeiro passo é o mais difícil: a escolha. Não do cardápio; mas sim de onde sentar. É complicado escolher uma das bancas, já que são todas iguais. Não há nem uma plaquinha do tipo "Broca da tia Zequinha", para se fazer um julgamento semiótico (!) que diferencie uma da outra. Fui andando meio perdido e logo uma das cozinheiras-caixas captou meu estado alfa e me interrompeu, perguntando se eu queria almoçar. Soou como um diferencial pra mim e aceitei.



O açaí que eu tomei não tem nada ver com esse da foto

Com o peixe pipocando na frigideira, não dava pra querer outro prato. Perguntei o preço, ela olhou rápido para esta face singela de rapaz bem nascido e criado em apartamento (só a cara, mesmo) e respondeu "sete reais". Simulei um princípio de ataque epilético e ela baixou para R$ 6. Manda.

Enquanto ela preparou a comida, observei a vizinhança. Quase todos são homens; mulher tem vergonha de comer em feira? Tem gente com cara de motorista de ônibus, de flanelinha, de feirante, de funcionários de pequenas empresas próximas e alguns, de fregueses da feira. O melhor é que parece uma festa. Todo mundo conversando e rindo enquanto come. Um clima de cordialidade e leveza que não se vê em restaurante algum, muito menos em intervalo de trabalho num dia de semana.

"Opa! Chegou a comida. Ótima.

"Manda o açaí. Ralo...

Caro, me enrolaram. Toma. Até mais".



Só pago quando vejo essa placa



Na saída, vejo quatro bancos de uma das barracas amarrados entre si por uma corrente com cadeado. Toda aquela cordialidade é cercada por ladrõezinhos mulambentos que não poupam nem bancos de madeira velhos, nos quais pessoas acima de 100kg devem temer relaxar os glúteos de suas nádegas.

Ando mais um pouco e vejo um papelão cobrindo o para-brisa do meu carro. Quando eu cheguei para o almoço, não tinha flanelinha. Tiro o papelão e aparece um jovem para pegar os trocados. Atrás dele, um velho muito invocado enxota o rapaz, que sai correndo. E meio a toda aquela leveza da feira, nego toma o lugar de flanelinha alheio para subtrair-lhe vinte e cinco centavos.

Peixe, açaí, feira, medo de roubo e pilantragem. Nunca me senti tão paraense.

5 comentários:

Dani Francisco Boyd disse...

Eu acho horrivel quando ngm comenta no meu blog. Vim poupar vossa senhoria de tal suplicio. A tarde de amanha esta reservada para finalizacao do coisa la do negocio. :P

Cristina Faraon disse...

Deu vontade de comer na feira. Peixe fritinho na hora a esse preço? Legal!

Na verdade acho que mulher (fresca) tem mesmo vergonha de comer em feira... mas já fiz isso há tempos atrás.

Remédio contra verme de seis em seis meses é indicado.

Ana Paula disse...

Ahhh milgo faraó!
eu já tomei uma gelada no ver-o-peso tô na tua frente! hehehe
e foi muita emoção também!

o próximo passo é comer um peixe frito com açaí!

beijoooooooooooooo
deu até fome agora

Lili Dergan disse...

Eu também já dei uma passada no ver-o -peso pra fazer uma boquinha na hora do almoço. O problema é quanto mais vc fica com cara de leso, maior será a chance de um sinistro lhe acontecer!rsrsrs
O segredo é relaxar pra acharem que é um hábito seu almoçar lá!rsrsrsrs

Anônimo disse...

Vá sempre no veroca e se possivél na barraca do louro é R$ 7,00 açai com peixe ou frnago frito é uma delicia.
Antenor