segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Esportistas sanguinários


Para antes de adormecer, recomendo a leitura de pessoas dizendo que MMA não é esporte. Porque esse tema me dá sono. Mas dei uma canelada em Morfeus para vir aqui humildemente pronunciar verdades irrefutáveis sobre o tema. Ê.

Bem, a tática de dizer que uma coisa que desgosto não se enquadra numa classificação maior é velha, reducionista, parcial e ignorante. É igual dizer:

- Tecnobrega não é musica

Há pouco mais de um século, quase todos os artistas falavam:

- Impressionismo não é arte.

Eu entendo que sua raiva seja tão grande que dizer "não gosto" não traduz toda a radioatividade que você carrega no útero. Mas, sei la, leia um livro de poesia do nosso Boca do Inferno, o Gregório de Matos. Ou use outra figura de linguagem que não o paradoxo. Porque essa sua lógica tá mais torta que umas canelas que já vi por aí.

Esportista atingido por tomate jogado pela torcida

MMA é esporte, segundo o Aurélio:

"Conjunto de exercícios físicos que se apresentam sob a forma de jogos individuais ou coletivos, cuja prática obedece a certas regras precisas e sem fim utilitário imediato; desporto: o esporte aperfeiçoa as qualidades físicas do homem"


Ai você diz "mas ah, esse não é o ~meu conceito~". Nesse caso, publique seu próprio dicionário.

MMA é muito violento, mas continua sendo esporte. Se não for, Jogos Mortais não é filme, Jackass nem se diga e o Tarantino é açougueiro. Normalmente, quem desclassifica MMA como esporte, também não gosta de Jogos Mortais, Jackass e Tarantino. Beleza.

MMA banaliza a violência? Sim. Um pouco mais que outros esportes como boxe, karatê e muai thay. A maioria dos espectadores vibra com sangue, mesmo. É a galera atraída por uma curiosidade pré-mórbida. Aquela mesma sensação de ir a uma feira de anatomia, achar horrível mas não querer ir embora.

Entendo quem acha feio UFC. Mas Happy Three Friends é bem pior. É um desenho animado com uns coelhinhos bonitos que sempre se dão mal. Terminam decapitados, dissecados, esquartejados, com sangue jorrando à Kill Bill. Happy Three Friends não é cartoon.

Sinta-se livre pra achar estúpido participar de MMA. Julgue moralmente. Diga que é um esporte horroroso de gente masoquista. Assine uma petição contra o canal Combate. Tudo bem. Mas vai continuar sendo esporte.





sábado, 28 de dezembro de 2013


Trabalhei sete anos no Liberal. Há dois anos, não pisava lá. Na época que me demiti, achei que seria uma amputação, um chute no saco. Que nada. Me senti livre como uma gazela saltitante aos pés do monte Hermon - ainda que mantida minha heterossexualidade intacta.

Enfim, foi libertador.

Durante o tempo ausente, não parava pra pensar sobre o assunto. Quando visitei a redação, um monte de lembranças e sentimentos represados caíram de uma vez.

Interessante como nada mudou, exceto pelo bebedouro, que hoje é mais elegante. Tem algumas caras novas, claro. A visita foi boa pra eu avaliar o tempo em que trabalhei lá. Foi sensacional. Redação é o melhor primeiro emprego possível. A gente aprende muito, se vê em situações escalafobéticas, entrevista doidos varridos, tem lições todo dia. Muito do que sou hoje, é mérito da redação. Como nem sou grandes coisas, imagina a merda que seria sem o Liberal, né?

Enquanto eu fazia a social com a galera, tive inevitável constatação: sete anos foi muito. Eu deveria ter saído antes.

Demorei por culpa da minha mente fraca na época. Eu achava que a circunstância tinha me jogado no impresso e dificilmente eu conseguiria mudar. Acabei me acomodando. Hoje, não me sinto mais vitima do acaso. Aprendi que quem vence na vida introduz um pinto no ânus do destino - metaforicamente falando, claro - e faz as coisas acontecerem.

Eu tava virando um funcionário publico. E hoje, que sou funcionário publico de fato, tô mais inquieto. Quero inventar, aprender outras coisas, mudar.

Resumindo, aprendi muito trabalhando no Liberal.

Mas aprendi mais ainda quando saí.

E já estamos trabalhando para que 2014 seja o ano mais maluco da minha história.

Agora confira comigo no replay a retrospectiva do Vai Filipe em O Liberal:

Passeando em Salinas 


 Pauta de comunidade
 Pauta nos furos de Icoaraci, atrás de argila
 Fazendo gols pelo time do Amazônia
 Dibrando todo mundo
 Lero lero com delegado
 Entrevistando celebridades
 Pausa para pose. Obrigado.
 Galera das antigas do Amazônia
 Maravilhosa matéria com base em boletim de ocorrência
 No fim do trabalho, a sagrada padaria.



terça-feira, 19 de novembro de 2013



É tipo a dança das cadeiras. Quando a música parou de tocar, todo mundo sentou, só PT ficou em pé. Como se o PT tivesse sido vítima de uma roleta russa. Todo mundo fazia as mesmas besteiras, mas calhou justamente de os petistas servirem de laranja na história.

É quase isso. A diferença é que o PT não se via como mais um partido. Fazia de tudo pra se proclamar o maior arauto da honestidade, o cavaleiro da pureza moral. Esse foi o problema.

Tipo a história do santarrão no meio de uma turma pra lá de promíscua. Enquanto a galera tá na suruba, beleza. Mas vai o crentão passar a mão na bunda de alguém... claro que a galera cai matando. Quanto mais você se auto proclama alguma coisa, mais os outros vão tentar achar brechas pra te desmentir.

Chega até a ser engraçado ver petistas procurando pelo em ovo, dizendo o Joaquim Barbosa é feio, foram cartas marcadas, um complô da mídia. Tipo um remista tentando se convencer de que o Paysandu é pior. Remo já foi melhor, hoje não é.

Em termos de futebol, esse paradoxo de argumentação nem incomoda tanto. Futebol é brincadeira. Só que, quando entra na política, o cara já fica parecendo esquizofrênico.

Petistas fingem não entender a razão de se admirar Joaquim Barbosa, depois da condenação de mensaleiros. É óbvio. Barbosão é petista, mas não colocou seu gosto político acima do seu senso de justiça. Votou no Lula e na Dilma, foi nomeado pelo Lula e não mostrou rabo preso com o partido que apoia. Isso deveria ser básico, corriqueiro, mas hoje é tão raro que até eu vou bem ali soltar uns fogos.

Voltei. Obrigado pela espera. Pois é, então se eu admiro a atitude do ministro, faço parecido com ele. Não é porque antipatizo com o PT que não posso reconhecer pontos positivos. E também não é por que gostei de uma atitude do Barbosão que eu vou ignorar as merdas que ele fizer.

Assim como a maior parte da população brasileira, eu tô empolgado com a prisão dos mensaleiros. Mas se isso não for só o primeiro de muitos passos pra se amputar muitos outros ratos de todos os outros partidos, a punição ao PT vai ter se tornado um dos maiores atos de corrupção da história.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Adeus ao ativismo de sofá


Você tem vontade de ajudar os outros mas nunca dá o primeiro passo? Se sente culpado de ser inerte diante do sofrimento no mundo? É um exímio ativista de sofá?

Tenho uma sugestão.


Existe uma pequena ONG que dá aulas de pré-escolar pra crianças de Icoaraci. É o Centro Social Nova Esperança (Cesne), que tem quatro funcionários responsáveis por 140 crianças do bairro do Paracuri. Os moleques têm refeições e aulas de verdade, lazer e um monte de coisa que a gente teve dos pais, mas eles dificilmente teriam se não fosse por doações.




Conheço o fundador, as fotos eu tirei em uma visitas à creche. O trabalho é sério, mas pesado. Os funcionários têm que ser pagos em dia, claro, com décimo terceiro e todos os direitos trabalhistas.

Sou sócio do Cesne. Tenho até vergonha de dizer que só dou com R$ 50 por mês. Tem gente que dá R$ 20, outros R$ 100, R$ 500. Por amor a cada uma das crianças, por amor aos pais delas, pra ajudar na educação delas, tenho certeza que R$ 20 não vão arrombar o orçamento de ninguém.

Ainda que não seja por amor. Mesmo que seja só pra poder reclamar do governo com mais propriedade. Só pra dizer que não ajuda em nada. Vamos lá.

Convido todos a conhecer o projeto. Uma oportunidade ótima vai ser no dia 30 de novembro, dia do Chá da Creche. O evento serve para arrecadar dinheiro para cobrir despesas de fim de ano. Também é oportunidade de divulgar o que foi feito durante o ano e falar das principais necessidades.

É um jantar leve. A comida é comprada e feita pelos mantenedores da creche. O valor do ingresso, R$ 25, vai inteiro para cobrir custos da ONG. Claro que esse não é o preço do jantar; é pura doação.

Eu vou lá.

Quem vai também?

Chegou a hora de compartilhar algo além de posts solidários.

Chá do Cesne:
Dia 30 de novembro, sábado
Hora: 18h30
Valor: R$ 25
Local: Salão da Igreja Batista Nova Esperança. Travessa Perebebuí, 2818, entre Almirante Barroso e João Paulo II

Dados do Cesne:
CNPJ: 34.639.815/0001-37
Endereço: Travessa Soledade, nº 25, bairro Paracuri, Icoaraci
CEP: 66810-070
Conta: agência 1672, c/c 49.230-2, 273 - Bradesco.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Um sofá para surfar



Quem é louco de abrigar um desconhecido em casa? Eu.

Não só eu. Sou apenas em milhares do site couchsurfing.org. Embalado pela filosofia fraterna, acabei de abrigar por cinco dias um canadense que eu nunca tinha visto na vida.

O começo foi estranhão, claro. Mas logo a presença do Hurly se tornou natural, como seria a de qualquer outro conhecido. No segundo dia quase falo "quem é esse canadense que eu mal conheço e já considero pakas?", só que ele não entenderia o contexto e daria muito trabalho de explicar em inglês.

Me senti com sorte por ter recebido o Hurly. Ele já foi hóspede ou hospedou desconhecidos por pelo menos 150 vezes, sem uma única experiência negativa. É quase um professor no assunto. Sempre diz que couchsurfing é muito mais do que só ter um lugar pra dormir; é uma troca de experiências culturais.

Tudo que ele não queria era dar trabalho e de vez em quando ainda lavava a louça. Seria injusto eu proibir, né não? E o objetivo dele não era sair tresloucadamente visitando a maior quantidade de pontos turísticos por dia. Ele queria conhecer o ritmo da cidade, entender como funciona o dia a dia e conquistar mais um continente à sua escolha daí, tirar conclusões comparativas.

Por exemplo, se um canadense tem um objeto esbandalhado, em vez de consertar, logo compra outro. Se o cara é assaltado, não faz a menor ideia de como se portar. Por lá a preocupação com um corpo sarado parece ser menor. E por aí vai.
Hurly na verdade é um canadense meio paraguaio. Não só por ter nascido nas Filipinas, mas também porque sente frio num ar condicionado a 17 graus. Poxa, o cara é cidadão canadense, acostumado a rolar de sunga no gelo, abraçar pinguim a 30 graus negativos. Vou reclamar no call center.

Outro problema ~gravíssimo~ é que ninguém acertava a pronúncia do pobrezinho. Hurly. É tipo rãrlhi. Um nome filipino talvez fosse mais fácil para não falantes de inglês. Whatever.

Só sei que foi firme. Tô até pensando no próximo azarado a aterrissar por aqui. Além de lavar a louça, acho que vai limpar o banheiro, varrer o teto, comprar pão e levar o cachorro pra cagar. Façam fila. Hóspedes com habilidades de cozinheiro têm mais chance.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Crônicas de Nada: comprei um Iphone


Realizei meu sonho: comprei um Iphone.

Pode não parecer, mas é um sonho até poético. Sempre que olho o céu noturno, lembro do meu novo brinquedinho. Sério. É que a quantidade de parcelas que vou ter que pagar ultrapassa o número de estrelas.

Apesar de ter sido mais caro que um par de rins com uma pedra de crack dentro, tô tirando de letra pra quitar. Bastou-me deixar de almoçar. Com essa economia, sobrou até uns trocados pra eu comprar, estrategicamente, um aplicativo que conta o número de estrelas do céu.

E nem me olhem com essa cara feia que almoço diário nunca constou na lista de sonhos da classe média. Tudo bem que tenho sobrevivido apenas com a quantidade de calorias minima para não definhar por inanição, mas e daí?

Tá, eu admito que pneumonia não era o naipe de entrevero que eu esperava contrair. Mas antes que vocês chamem a ambulância, quero anunciar que essa pequena enfermidade está sob total controle, desde que baixei um aplicativo do Iphone que aumenta a quantidade de Células T no meu organismo.


Iphone é assim mesmo: a gente compra pra entrar na moda, mas acaba se apaixonando pelo que tem dentro mesmo. Aposto que não fui o único a conseguir salvar meu casamento depois de ter baixado um aplicativo que responde automaticamente a pergunta "onde você está" feita pela minha esposa no Whatsapp. Quase que eu estrago tudo porque demorei a perceber que eu podia configurar mais de um lugar como resposta, daí ela tava começando a achar que eu virei acionista da padaria da esquina.


As infinitas possibilidades trazidas pelos aplicativos me fizeram ganhar uma boa grana com essa área. Depois de alguns esboços, eu já tinha quase terminado o protótipo do gadjet que faz fotossíntese humana. Fui todo untado de clorofila pra apresentar o projeto à empresa que iria distribuí-lo, mas os caras lá não se ligaram muito na onda e preferiram investir em outra ideia minha: a do aplicativo que filtra posts poéticos no Facebook.

Além de conseguir voltar a comprar almoços, essa minha invenção me fez juntar um dinheirinho pra eu comprar - parceladamente, claro - um Ipad. Só ainda não achei um aplicativo que mostre a utilidade dele. Enquanto isso, voltei a olhar as estrelas do céu com um certo pesar no bolso.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Como puxar papo com semiconhecidas no Facebook





Havia um tempo em que ter muitos amigos adicionados em uma rede social conferia um certo status. Antigamente, antes de vocês terem trocado a fralda pela privada, o orgasmo da vida virtual era traduzido em uma frase: "PERFIL LOTADO: adicione o Perfil 2". Misteriosamente, contudo, quase todos os amigos do Perfil 1 queriam ser adicionados no Perfil 2, o que provocava a celebridade virtual a abrir um Perfil 3, e assim por diante. Pra parecer difícil, ainda havia o "só add com scrap", claro. Ninguém dá moral pra gente muito dada.

Embora essa ânsia por se sentir cercado de milhares de pessoas já tenha se dissipado tal qual um pum dado em um elevador lotado, um pouco dessa antiga rescendência ainda permeia os ares. Sendo mais claro: todos nós já adicionamos uma quantidade tal de semi-conhecidos no Facebook que se ficassem de mãos dadas iriam de São Brás até mais ou menos a Curva do Cupuaçu.

Não precisa se sentir culpado por isso, claro. É difícil estabelecer o critério exato pelo qual vale a pena adicionar uma pessoa.



Por exemplo:

- Fui a um aniversário e minha amiga apresenta uma colega, dois beijinhos e tchau. E aí? Adiciona no Facebook?

- Duas pessoas frequentam os mesmos lugares, têm uma multidão de amigos em comum e vivem se esbarrando por aí. É o famoso "a gente se saca". Add?

- Tem também o  caso da pessoa que a gente simplesmente não sabe de onde veio e aparece com um pedido de amizade no Feice. O que fazer?



Bem, não me venha com essa cara de totó perdido que você sabe muito bem, malandrão. E vai depender da qualidade do espécime alheio. Tipo, sua amiga apresenta a colega no aniversário, você pega nas mãos macias dela, beija a bochecha esquerda e, antes de chegar à outra bochecha, os olhos como que por um reflexo caem para o decote dela. Ao afastamento, aquela suave fragrância típica das concumbinas de Salomão que corriam nuas pelos campos verdejantes aos pés do monte Hermon. E aí? Nem espera chegar em casa: já adiciona pelo celular.

Beleza. Só que isso resulta numa certa gordura de amigos no Facebook. São mulheres que você stalkeará com avidez, por exemplo, à espera daquelas fotos de bikini que ela vai postar depois da viagem pra Salinas. Grandes merdas. Dificilmente vai conseguir sequer puxar um assunto pelo Facechat.

Para solucionar a questão, nossa equipe de pesquisadores se debruçou sobre o tema e, depois de 83 entrevistas com sabichões pegadores, frígidas, gurus do amor e solteiras no cio, elencamos as melhores formas de se aprochegar sem querer querendo.

Saca só:



10 - Olá, hoje é seu aniversário? Ah é que vi uma foto sua de bikini e, olha, tá de parabéns ein

9 - Preciso de uma ajuda no trabalho do colégio aqui, a professora mandou a gente fazer uma pesquisa e gostaria que você respondesse algumas perguntas. Tem namorado?

8 - tcvebunimo,ecaoeic foi mal esbarrei no teclado

7 - Setor de engenharia do Governo do Estado? Legal conheço uma pessoa que também trabalha aí no governo é a afilhada da prima da minha vizinha, a Josicléia, conhece? Ela é copeira da Escola Estadual São Josefino Barriga Branca logo ali em Jacareacanga do Oeste


6 - Oi, quer tcl?
 
5 - Tô fazendo um freela pro Caldeirão do Huck e minha função é achar as 10 mulheres mais bonitas do Facebook e aí então, vc conhece alguma?
 

4 - E a fulana ein? Pois é, nunca mais...

3 - Fala cara td blz e aí qual é a boa bora ver aquela comédia romântica no cinema ops janela errada


2 - Sei não mas segundo a súmula 103 do STJ corroborada pela jurisprudência mais recente, adicionou tem que conversar. Então e aí como vai?



1 -  Qual foi a pior cantada que você já recebeu pelo facebook? Tirando esta ehehhehehe