domingo, 13 de março de 2011

10 músicas que formaram meu caráter




Amo música. Um simples toque no play faz transbordar minha mente de serotonina. Não há tédio que resista a um bom som. E são muitas que me dão prazer.

Só que eu nunca seria capaz de fazer uma lista das dez preferidas, é impossível. Por outro lado, dá para medir o impacto de músicas na minha vida em cada época. E é isso que me proponho a fazer neste post, inclusive em ordem mais ou menos cronológica. Não são necessariamente as melhores, mas sim as mais marcantes.

Ao olhar a lista, o leitor mais atento, inteligente, santista e bem-dotado deve observar que comecei a ser tocado pelo rock ainda novo e essa veia se fortaleceu com o tempo. Não faço ideia do porquê, já que nunca tive uma influência tão direta para gostar de músicas mais pesadas. Quando ouvia algo com um pouco mais de pegada e distorção sentia arrepios no útero e, meio sem entender, dizia para mim mesmo "é isso!".

Por exemplo, os únicos três segundos de distorção da música Camila, do Nenhum de Nós, eu colocava em repeat ad infinitum. Assim como ficava esperando ansioso pela parte final de Wasted Time, do Skid Row, pra ouvir os gritos orgásmicos do vocalista Sebastian Bach.

Cada música escolhida aqui é uma representante de um estilo que eu gosto. E todas, mas ou menos, contribuíram de alguma forma para eu ser quem sou. Aposto que vai ter gente que vai dizer "não conheço nenhuma dessas aí". Nesse caso apenas lamento a pobreza de seu gosto musical.

Confiram as músicas que formaram meu caráter e depois me digam se eu tenho um gosto esquisito ou se sou normal:


1 - Black or White - Michael Jackson (7 anos)




Lembro de forma cristalina de que, quando essa tocava música na rádio, eu e meus irmãos parávamos tudo. Eram os primeiros suspiros do rock na veia. Interessante isso ter acontecido pela música de um cara que só gravou dois bons rocks (essa e Give it to me).

Passeio o resto de minha vida inteira tentando gostar das outras músicas dele e desisti quando ele morreu. É bem chatinho.

2 - Twist and shout - The Beatles (10 anos)





Realmente não lembro de maneira exata se a primeira vez que ouvi foi em uma fita K7 com várias dos Beatles ou se foi no filme Curtindo a Vida Adoidado, naquela cena que parece de um musical. Só sei que marcou mais por causa do filme e, daí, eu colocava a fita para re-ouvir.

A música é totalmente diferente das outras dos Beatles. Ela é cantada aos berros, em ritmo de rock n roll, nunca entendi por quê. Só sei que ela fazia fervilhar o proto-metal dos meus ovários.

3 - Wasted Time - Skid Row (12 anos)




Em fim, metal. Começa como balada melancólica, tem solo no meio e termina com gritos desesperados. Tem coisa melhor? Por um bom tempo, achei essa música a mais bem executada desde que um músico neolítico começou a soprar em ossos com furinhos. Hoje em dia, mantenho opinião semelhante. Restou também a convicção de que Sebastian Bach é o melhor vocalista de metal que já existiu.

4 - Faroeste Caboclo - Legião Urbana (12 anos)




Aqui posso culpar diretamente meus dois irmãos mais velhos. Junto com eles - e com o caçula na cola - decorei 90% das letras. Dessas, ainda lembro perfeitamente de uns 80%. Existem várias outras marcantes do Legião Urbana, mas essa pode resumir em si mais ou menos tudo o que a banda significou.

A música começa com um violãozinho, tem seu momento rock e acaba bem agitada. Embora mais marcante, não é minha preferida. Sempre gostei mais de outas, mais pesadas, tipo 1965 (Duas Tribos), Perfeição e La Nuova Gioventú.

5 - Civil War - Guns n Roses (13 anos)




Fui ouvinte tardio dos Guns, mas não menos assíduo. Passei a ouvir depois que o @Rafaelfaraon selecionou em K7 as que ele achou serem as melhores músicas da banda. Estranhamente essa não constava na lista; conheci um pouco depois. Por algum tempo, era a minha resposta para "música preferida" naquelas listas de perguntas que adolescentes se encaminhavam pelo Zipmail.

Talvez minha preferida seja Breakdown - essa sim constava na fita. Não sei. Fiquem com Civil War como um resumo da ópera dos Guns e a síntese de como me marcaram.

6 - Espelhos Mágicos - Oficina G3 (14 anos)




Talvez seja o rock que mais toquei na vida. Claro, sem o rigor técnico do Juninho Afram, cujo solo, por um bom tempo, achei um dos mais bonitos já criados - hoje, ficaria só com uma menção honrosa.

Espelhos Mágicos é um rock direto, com riff bacana e teclado no fundo. O coro cria uma atmosfera apoteótica e o solo é o ápice. É a música do Oficina G3 mais tocada por bandas covers em igrejas (é evangélica, caso você não saiba). No mesmo álbum, a música de abertura, Davi, talvez seja melhor. Só não foi tão tocada porque a letra era menos direta e a execução, bem mais complicada.

7 - Carry On - Angra (14 anos)




Quando se depara com uma comunidade no Orkut com milhares de membros, cujo nome é "Toca Carry On", é sinal de que a música deve ter algo de muito especial. E tem.

Por essa banda eu fui apresentado ao heavy metal melódico e a solos de guitarra que pensei não existirem. No começo, achei a batida rápida demais, mas logo acostumei. Duas guitarras fazem duetos e se revezam em solos, enquanto que o vocalista faz falsetes que soam feminino. É uma música inigualável, incrível, estrobusecável (achei o adjetivo que a define).

8 - The Mirror - Dream Theater (15 anos)




No começo era só uma banda estranha e obscura que um amigo guitarrista nos apresentou. Aos poucos as músicas foram ficando palatáveis até chegar ao ponto de eu ir para São Paulo em uma grande caravana (eu, @victorfaraon e @rafaelfaraon) para assistir o show dos caras.

É claro que essa música é apenas uma amostra de um todo que até hoje abre novas marcas na minha veia musical. Ela faz parte do álbum Awake, desprezado pelo público, mas preferido por mim. Tem uma guitarra seca, pesada e gravíssima, com quebras de compasso e contratempos que outras bandas ainda imitam à exaustão.

9 - Tender Surrender - Steve Vay (18 anos)




De chorar. A melhor música instrumental de guitarra já executada, desde que aquele neolítico que eu falei deu o primeiro sopro no osso furado. E é o guitarrista mais revolucionário desde Jimmy Hendrix.

Ele faz menos sucesso que o Joe Satriani por se dedicar mais em loucuras guitarrísticas do que na melodia em si. Mas nessa música (se não me engano, é baseada em riff do Hendrix) ele une perfeitamente a técnica insana com harmonia primorosa.

10 - Halellujah - Jeff Bucley (26 anos)




Essa música me trouxe um êxtase que eu não sentia desde que Napoleão Bonaparte cruzou o rio Sena após campanha vitoriosa na Europa atravessando a Champs Elisées por baixo do Arco do Triunfo. A guitarrinha tocada com a sensibilidade de uma harpa e a voz com feeling perfeito me chamaram atenção de cara. Logo depois também notei que a letra é muito bonita, de clara inspiração bíblica ("Eu soube que havia um acorde secreto / Que Davi tocava, e que agradava o Senhor / Mas você não liga para música, não é?").

A música é, na verdade, de Leonard Cohen. Mas como eu duvido que a versão original barre a do Bucley. Nem nem quero ouvir-la para não estragar.

10 comentários:

Juliana Camargo disse...

Só tenho uma coisa a dizer: ainda bem que as pessoas envelhecem!

Juliana Camargo disse...

Ah, claro... Inclua "Beat it" nos rocks do Michael, sim?

Filiblog disse...

Beat it, rock? Não... passa passa...

Cléoson Barreto disse...

Olá!
Se não me engano, essa música "Halellujah" tem uma versão no filme Shrek 1, não? Não sei se é a mesma versão do Jeff Bucley, mas acho a mṹsica bem legal. Achei o seu gosto musical meio parecido com o meu.
Um abraço.

Andressa Malcher disse...

aleluia (lheeeenda), black or white (que eu dançava me olhando no espelho só pra fazer a cena dos ombros nus, lembra?), a do twitter and shout (rebolei um monte só de calcinha quando ainda nem tinha peito)...faroeste caboclo...ah, já te contei a minha história com essa música. bom, tirando o garagem 32 e os metais que pra mim são todos iguais, o resto tá ok pros meus ouvidos. =*

Rafael Faraon disse...

Realmente esse post conta quase toda a história de nossa influência musical rockeira!
Deu saudade da época em que eu cantava no banheiro Twist and Shout, quando ouvíamos Faroeste Caboclo religiosamente todos os dias. Quanto fazíamos seleções de Dream Theater para gravar um CD só com as melhores e quando tocávamos Espelhos Mágicos na nossa banda adolescente.

Tudo bem que depois que me saí de casa parece que o nosso gosto foi se abrindo por caminhos diferentes a ponto de você colocar um tal de Jeff Bucley numa lista como essa.

Mas tudo bem, ainda podemos curtir juntos um caravana prá São Paulo e o Iron Maiden - show do século em Belém.

Filiblog disse...

cléoson, nao vi xereca de ninguem, mas duvido q seja melhor q a do bucley. Conte a favor dele que ele tinha uma aura de esquisito e morreu novo.

didi, você é uma pagodeira. Nao merece entrevistar o iron maiden (inveja minha, claro)

Rafa: quase tudo que ouço teve tua influencia. Deixa o bucley em paz, coitado hahahahha

Juliana Camargo disse...

Como BEAT IT não é rock? O solo de Eddie Van Halen é o que, meu caro?

Hunf hunf pra ti!

Cristina Faraon disse...

Estou descobrindo a pólvora. Eu não sabia que "Carry On" existia. Uau!

Tereza Jardim disse...

Eu não curto muito Legião nem Guns. E achei que falta um pouco de Metallica aí... mas calma, eu li o post e vi que não são as preferidas, são as que marcaram época!

Ainda assim, é uma pessoa de bom gosto =)