segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A morte dos escritores


Não quero mais ser escritor. Só se for como um hobbie, tipo ser jogador de futebol e músico. O escritor está fadado a um fracasso maior do que o de músico. E por motivo semelhante. Assim como se tornou praticamente impossível ganhar algumas merrecas com venda de CDs - por causa do formato mp3 -, em um futuro próximo ninguém mais vai querer comprar livros, culpa dos e-readers.

Adicione a isso o fato de escritores não poderem direcionar seu ganha-pão para recitações públicas de suas obras literárias, da maneira como músicos faturam com shows.

Daqui a pouco tempo, o público comprador de livros será o mesmo de CDs. Gente que pode se dar ao luxo de gastar apenas pelo prazer ancestral de ter um produto oficial e com propriedades táteis. E isso prejudica não só escritores, mas também jornalistas (EU EU EU!), porque o conteúdo de jornais e revistas passa a ser pirateado.


Como a abundância de recursos não me caracteriza, logo me apressei a comprar um aparelho que me fizesse economizar algumas estalecas em livrarias. Aproveitei a boa vontade do meu irmão, quando ele viajou para os EUA. A ideia inicial era comprar um Kindle, da Amazon, porque meu objetivo era apenas ler, sem muita frescura mesmo. Mas acabei comprando um aparelho que parece ser o filho pobre do cruzamento entre o Ipad e o Galaxy: o Nookcolor, recém lançado no exterior e sem venda no Brasil.

Como não tenho muita frescura, foi o ideal. O Nookcolor me permite não só ler, como o Kindle, mas navegar na internet e ler revistas, como no Ipad. E foi baratinho: R$ 480.

Não sei se já disse isso antes, sou uma mistura de gladiador visigodo com o Analista de Bagé, ou seja, sem frescura. Então, eu baixo livros sem formatação ideal, até em formato do Word, e leio na moral. E a constatação foi interessante. Notei que a leitura em e-reader é bem mais rápida do que naqueles antigos livros à base de trituração de árvores. Virar página toma muito mais tempo do que se imagina. É verdade; um amigo que tem o Kindle fez a mesma observação.


Quando se trata de ler revistas, aí o processo fica um pouco mais lento, pois a tela do Nookcolor, assim como a do Kindle, tem só 7 polegadas, bem menor que uma página A4. Mesmo assim, vale muito a pena. Passei a devorar Superinteressantes com a voracidade de um prisioneiro ostrogodo. E sem pagar R$ 10 por edição.


Me peguei fazendo em livrarias o mesmo que fazia em lojas de CDs no começo da popularização do formato MP3. Vou à loja para ver os melhores exemplares, perturbo o vendedor e, no fim, baixo na internet.

Você, meu caro leitor, pode estar achando que estou consumindo a madeira do meu próprio barco ou cavando a minha própria cova, já que leio sem pagar o que outros jornalistas escrevem. De certa forma, sim. Só que essa é a tendência É melhor aproveitar agora do que tentar nadar contra uma tsunami. Ou vocês acham que estão ganhando a guerra, meus caros integrantes do Metallica?

3 comentários:

Andressa Malcher disse...

beibe, você é um mão de vaca. mas te confesso que a leitura de material digital é ótemo pra evitar rinite. adoro meus livros, mas a poeira/ácaro/mofo acabam com a minha saúde. o texto tá umust! ésaueis. =*

MMS disse...

Que me perdoem os ambientalistas, mas eu ainda gosto é de pegar no papel.

Rafael Faraon disse...

Rumo ao futuro!