quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A mente de um blogueiro




Eu sou normal. Cresci da maneira que minha glândula adeno-hipófise esperava ao lançar o hormônio somatotrófico pelo meu corpo. Meu cérebro também se desenvolveu bonitinho, sem retardos nem poderes telepáticos. Só uma parte dele é que não quis se desvincular totalmente da infância: minha imaginação.

Assim como hoje sou um adulto comum, fui uma criança regular em todos os aspectos. Inclusive por gostar de viajar com os pensamentos, como o Doug Funnie fazia para se desatrelar da realidade na pele do Homem Codorna. Nunca cheguei ao ponto de tomar atitudes baseadas em fantasias, como o personagem de desenho; por outro lado, acho que eu viajava mais pesado em algumas conversas neuroniais.



Minha cabeça continua assim; só muda o conteúdo


Minhas dificuldades na escola começaram porque, enquanto o professor falava, eu construía um mundo mental paralelo. Até hoje, eventualmente me pego em um pensamento que se torna tão real e intenso - quase como um subsonho - que, ao "acordar", me assusto e fico com o coração batendo mais forte. Construo involuntariamente roteiros complexos, cheios de suposições fantasiosas, em qualquer momento de menor atividade corporal e mental. Ao fim, vai tudo direto para o Aterro Sanitário Cerebral do esquecimento.

Na verdade, ia. Alguma coisa eu distribuo entre diálogos freudianos com minha gatinha, meditações transcedentais e auto-lavagem cerebral. A parte igualmente irrelevante, mas com algum sentido, eu organizo e escrevo neste blog, enquanto que os pensamentos mais isolados escorregam no Twitter como se numa privada. E mesmo assim a maior parte das imaginações fúteis ainda sobra. Essas, sim, vão para o Aterro Sanitário Cerebral.

Do aterro, leva um tempo até a aniquilação total do esquecimento. Enquanto isso, todas as besteiras em que eu já pensei vêm à tona durante meus sonhos, como se alguém pegasse o lixeiro da cozinha e espalhasse o conteúdo por toda a casa. Quando acordo, faço uma rápida faxina para separar o que é útil ou não e sigo a vida, em produção ininterrupta.



"Imaginação é mais importante que conhecimento"
Se o cara falou, tá falado


Minha mente é fértil por que o adubo abunda. Eu sei que todo mundo tem imaginação, todos pensam besteira. Mas, provavelmente - e hoje, com alguma influência de cinco anos de jornalismo - às vezes acho que minha produção de fantasias é um pouco mais acelerada.

Por exemplo, há pensamentos que são divertidos como hobbies. Se alguém interrompe, depois eu fico cavucando minha mente para recaptar aquela imaginação que me entretinha.

O tipo de pensamento mais bacana é a fantasia: "Como seria se eu morasse em São Paulo? Ou em Nova Iorque?". São legais também as suposições inviáveis, tipo: "O que eu faria com R$ 40 milhões?"; "E se eu fosse famoso?"; "E o Remo na Libertadores?".

Quando eu era pré-adolescente e pegava muito ônibus, ficava me imaginando durante o trajeto como eu seria se fosse o motorista. Deixaria moleques de 10 anos subirem pela frente sem pagar? Já na adolescência, passei a hipotetizar eu como professor, o que quase me faz escolher Licenciatura em História para o vestibular.

Já supus de tudo. O resultado é mais ou menos assim: "eu como...

- Ator seria uma mistural de Mateus Nachtergaele com o Fiuk de caganeira;

- Jogador de futebol seria meio Bebeto, o chorão cai-cai; e meio Jonas do Grêmio, que perde gol demais;

- BBB seria um cara meio nonsense, mas sairia logo do programa por não me encaixar em nenhuma das tribos, mesmo sendo inofensivo;

- Astronauta morreria na minha espaçonave por esquecer de apertar um botão importante, no tédio do espaço;

- Advogado seria uma atração pros estagiários de direito. Excessivamente bem humorado ao falar, fugindo de todos os estereótipos e constantemente repreendido pelo juiz;

- Presidente da República falaria quase tanta merda quanto o Lula, mas não faria tanta assim;

- Músico cansaria de repetir minhas músicas o tempo todo e entraria no ostracismo;

E, finalmente, como:

- Jornalista tentaria ser um blogueiro de sucesso.



E você, como seria?

9 comentários:

Anônimo disse...

Quando criança, eu queria ser pipoqueira ou sorveteira. Sabe como é, pra comer tudo de graça...

Quando me dei por gente, lembro que me imaginava morando sozinha em um apêzinho, estudando e trabalhando. Juro que eu ainda nem sabia o que era vestibular nesse tempo, devia ter uns 9 anos...

Um pouco antes, lendo o Sítio do Pica-pau Amarelo, me imaginava no lugar da Emília. E se eu fosse uma boneca falante e atrevida, ahhh... eu adorava imaginar!

Hoje eu me imagino ainda. Como professora doutora e pesquisadora em uma universidade de renome. E vou ser daquelas que só os alunos CDF gostam, hehehe...

Anônimo disse...

minhas viagens são do mesmo jeito, e dá a mesma raiva quando as interrompem. :P

Loredana disse...

Tbm viajo com meus pensamentos e minha imaginação e isso é tão bom q as vezes não quero parar de sonhar acordada.
Quando eu era criança queria ser paquita da xuxa. Na adolescência queria ser atriz de novela, cantora ou guitarrista de uma banda de rock famosa ou jornalista que nem o Zeca Camargo pra fazer reportagens ao redor do mundo conhecendo várias culturas e lugares diferentes e entrevistar as melhores bandas de rock do mundo.
Hoje fico imaginando se eu ganhasse na loteria realizaria meu sonho de dar a volta ao mundo e assistir todos os shows internacionais que tenho vontade. Sonho ainda em abrir minha empresa de eventos ou produtora e trabalhar no que gosto e poder viver bem assim, ñ custa nada sonhar!!!

Andressa Malcher disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andressa Malcher disse...

Já fui paquita da xuxa, aeromoça, a change mermaid, a paixão do mathew perry, a noiva do taylor hanson e outras coisinhas que a gente deixa em off que é pra não violar a intimidade.

hoje? hoje eu sempre me vejo nos lugares bonitos que ainda não conheço pessoalmente. me imagino repórter, escrevendo offs belíssimos ou reportagens jornalísitcas literárias e mais outras coisinhas que a gente deixa em off que é pra não violar a intimidade. Ah, claro! A minha festa de casamento. Sempre desenho nos pensamentos o dia do meu casamento.

MMS disse...

Hahahaha...Aterro Sanitário Cerebral do esquecimento,gostei... o meu está lotado.

Rafael Faraon disse...

Vou é um pensador pós-moderno... ehehehe. Imagino a zona dentro desta cabecinha encaracolada antes de resolver o que jogar no Aterro Sanitário Cerebral do Esquecimento Quase Eterno.

Cristina Faraon disse...

Eu já fui bailarina e missionária. Foram meus sonhos mais intensos e persistentes. Pois é...

Anônimo disse...

E ... o movimento estudantil petista quando soube que o ex-reitor da UFPA Alex tinha recebido uma verba extra polpuda e que iria fazer alojamento estudantil no campus do guamá, invadiram o seu gabinete e exigiram que fosse auditório de luxo, como de fato aconteceu, posto que, alojamento serviria mais para acoitar vagabundo. Ainda essa semana na UFPA encontrei um bando de petista fazendo campanha para que uma professora doutora pela França fosse eleita para um cargo, porquanto, se eleita, não ministraria mais aula. Ao indagá-los esses disseram que o bom é ter professor o mais imprestável possível e seria um luxo gastar gente tão bem qualificada com um bando de imprestáveis. Além disso, o docente que não fizer isso vai morrer de fome