quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ossos do Ofício



Ótima má notícia.



Não pelo insistente e previsível juramento de inocência, mas sim porque a vítima desistira de prestar queixa, um determinado sujeito detido por roubo estava prestes a ser liberado pela polícia. Sem vítima, não há esse tipo de registro. Como ele não era prioridade, ficava no canto da sala do delegado de plantão, na Seccional de São Brás, esperando seu destino.

Em dado momento, investigador e delegado começam a estranhar a sujeira da sala, naquela manhã de domingo. As lixeiras estavam transbordando e havia papéis espalhados pelo chão.

- Esse pessoal do serviço geral deve ter faltado o trabalho. Tá uma bagunça! - diz o delegado.

O investigador, sentindo que poderia ser vítima de um desvio de função - e ter que varrer tudo -, tem uma ideia brilhante.

- Ei, tu, aí! Tu tá com sorte hoje. Tu não vai ficar preso, porque a vítima não quis registrar ocorrência - disse, se dirigindo ao detido.
- Eu não fiz nada, eu. O cara viu que não era eu. Eu só vinha passando na hora e...
- Mas olha o seguinte; dá uma arrumada nisso aqui, que tá muito sujo. Começa por aquelas lixeiras ali.
- Sou um homem de bem, trabalhador, nunca me meti em confusão... - dizia, enquanto obedecia a ordem.
- Agora dá uma varridinha lá. Isso. É bem melhor fazer esse serviço do que ficar preso, não achas?
- É... - responde o quase-indiciado, com verdadeiro alívio na alma.

Um comentário:

Cristina disse...

Bem bolado. E quem reclama? Foi bom pra todo mundo. Foi bom pra você, amor?