sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Por que os homens traem

?


Os homens são as maiores vítimas do próprio machismo. Tipo o comandante que alimenta a caldeira do navio com madeira do casco. Aí afunda e não sabe por quê.

Antes de desabrocharem os primeiros pentelhos, o cara já é estimulado a ser pegador. Aliás, enquanto se troca a fralda do bebê, a família adora fazer comentários sobre o pinto do moleque e dizer que logo logo ele vai estar comendo muita ****** quando crescer.

Quanto mais pegar, mais macho é. Tem que desejar a seminua do outdoor, a caixa peituda do supermercado, a transeunte de vestido transparente. Legal. Só que na hora de se comprometer, o cara continua - involuntariamente - inclinado a querer outras.

A lógica é simples e acontece em muitos outros aspectos da vida. Ex-fumante, por exemplo, acostumado a acender um cigarro depois de botar o pelé pra nadar cagar, sempre vai sentir muita vontade de fumar quando sentar na privada. Atos repetidos viram hábitos. Maus hábitos viram vícios. E qualquer grande prazer é um vício em potencial.

Claro que isso não justifica nem alivia traição. Mas mostra que a história é bem mais complicada do que pensam as mulheres - especialmente as traídas. Já tratei superficialmente do assunto, mas foi necessária uma pesquisa aprofundada. Não com base em mim ou na minha experiência, mas sim no que observo dos casais por aí. 

Segundo meus estudos empíricos, pelo menos 85% dos homens precisam de meia centena de sessões no psicólogo pra largar essa taradice. Ou sessões de tortura, aos que recusarem o tratamento. Só que quase todos buscam o caminho mais fácil, a pokerface - também conhecida como "cara de pau".

Mas aí entra um ingrediente interessante. Acredito que 30 a 40% das mulheres tenham mente masculina, para o bem e para o mal. Assim como homens, elas fazem uma clara separação entre amor e sexo e muitas têm lá suas dificuldades pra andar na linha.

Não importa, pelo menos funcionam como uma espécie de vingança feminina. Com o diferencial de fazerem tudo muito bem, tipo o crime perfeito, sabe? É que o homem, quando se acostuma a trair, começa a ficar destrambelhado. Inconscientemente acha que nunca vai ser pego. Mais ou menos como um motorista apressado vai ganhando confiança ao volante e fazendo cada vez manobras mais perigosas. Até dar com o nariz no poste.

Mulher não. Toda frieza que falta no relacionamento sobra no planejamento da pulada de cerca. Se não contar pra amigas, nunca ninguém saberá. O ato escapa até do radar dos videntes. Elas são o chicote dos traidores contumazes, esses que têm seu par, comem todo mundo e se acham o máximo por isso. Mal sabe  que, na melhor das hipóteses, está só empatando com a namorada.

Mulher é capaz de se atirar cegamente no relacionamento, mas não é tão burra quanto acham os adúlteros. Bem feito.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Crônicas de Nada: O inxirimento do meu melhor amigo




Vou logo abrir o jogo: morri. E não foi nada honroso. Cravaram-me um gargalo de Cerpa na jugular. Cerpa! E o pior: o assassino era meu melhor amigo. Estranho, né? Eu explico.

Me dava bem com o Gustavo desde a época do colégio. Até fazíamos competições para ver quem ficava com fulana de tal. Até o fim dos estudos, eu ganhava por 5x3. Talvez aí esteja a origem do problema. Até hoje, ele acha que a competição continua.

Mas calma lá, sempre foi um embate saudável. Nunca brigamos por mulher. A questão é que o Gustavo continuou querendo se provar mais pegador que eu, até enquanto namorava. Mesmo sem estímulo meu, ele se gabava das puladas de cerca e das gostosas que pegava. Beleza.

Certo dia, como de costume, marcamos para tomar um uisquezinho entre amigos no Bar Fuleiral. Como de costume, ele se atrasou. Enquanto eu tomava a primeira dose, liguei e ele respondeu que já ia chegar; estava só pagando a conta do motel. Beleza.

Gustavo chegou meia hora depois, com cara cínica, de mãos dadas com a namorada, mais cínica ainda. Rolava o papo, com outros três amigos, eu ficava só matutando que piada sem graça faria sobre o casal que acabara de saciar seus impulsos sexuais. Até que não resisti e comentei com a namorada dele:

- E aí, foi bom pra você?
- Bom o que?
- A saliência...
- Que saliência?
- A sacanagem!
- Que sacanagem?
- O inxirimento!
- Quê?!
- Ué, o Gustavo disse que vocês estavam no motel
- Motel? Eu não tava, ele acabou de me pegar em casa...  – respondeu, séria, quase com raiva.

Durante essa conversa, Gustavo me fitou com olhos arregalados, ficou empolado, suvaco pinicando e rosto enrubescido. Até que não resistiu, puxou uma garrafa de Cerpa Gold da mesa ao lado, quebrou-a com um golpe na mesa e me gargalou com o movimento de um lutador de esgrima. Minha única reação foi responder “O quê? Não! Cerpa?!”.

Beleza.