sábado, 20 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sexo, Álcool e Carnaval

Colossal. Apenas colossal.


Carnaval. Não: carnaval e política. Ou melhor: carnaval, política e Paulo Coelho. É extensa a lista das coisas que me envergonham daqui do Brasil. Mas vamos nos ater à primeira.

Tenho vários elementos suficientes para odiar o carnaval. Fiquem apenas com dois: sou roqueiro e com criação evangélica. Ainda há um terceiro, muito marcante. Quando eu era criança, meu cérebro quase derretia de raiva quando eu queria ver desenho ou Jaspion, mas a Globo só passava aquela pasmaceira de gente colorida fingindo estar alegre.

Deixem-me argumentar de forma mais específica. Carnaval é a semana mundial da música escrota. Os sambas, todos iguais, são uma bola-no-saco. Por que os temas sempre são pra puxar o escroto de alguém? Por que não fazer algo com maior utilidade pública, como meter o pau no Bin Laden? Ou no Bush? Já imaginou um carro alegórico com torres gêmeas que, no final do desfile, despencam? E a ala de frente com brincantes empoeirados? Um sucesso.

Tematizar a economia, por exemplo, também seria perfeito. Um carro para a inflação, um para os juros... e os brincantes? Moedinhas e notinhas, com um dragão e um leão correndo atrás. Cara, sou um baú de ideias. Contratem-me. Mas tem que pagar muito bem pra me fazer participar de um evento tão escroto canalha feladamãe ah, não tenho adjetivos.


 
Típica fantasia psicológica masculina


As fantasias do carnaval são um convite para se mudar de galáxia. O pior é que as agremiações gastam uma fortuna acumulada com suor durante o ano, trabalham 26 horas e meia por dia para deixar tudo pronto, fazem um desfile sonífero de um dia e, pronto, passou. Antes tanto trabalho e dinheiro fossem para algo mais útil, tipo  E não me venha com esse papo de cultura e blá blá blá. Carnaval serve para nos estereotiparmos no exterior. Apenas isso.

Tirando a questão dos desfiles oficiais, rebolação de musas nuas e músicas sacais, continuo não gostando de carnaval. Não gosto dos blocos de rua. Não gosto do carnaval do interior. E também não gosto de abóbora, só pra constar.


No carnaval, o importante é ser discreto

Não vejo sentido em tanta sacanagem concentrada justo no período carnavalesco. Nada contra as raparigas seminuas ou à saliência em si, obviamente. Só preciso entender por que é tudo tão excepcionalmente aflorado nessa época, mais do que em qualquer outra, e de forma tão patética.

O interessante é que a proposta original era uma festa cristã justamente com renúncia aos prazeres da carne, daí a palavra carnaval. E aí inverteram o processo, de forma que meninas querendo dar vão às ruas com homens querendo comer. Para garantir a cópula, ambos ingerem álcool de forma a baixar consideravelmente o nível de exigência estética do parceiro.

Assim como o Natal é a época em que tenho que ser bonzinho, fingir perdoar meu colega, doar brinquedos para uma comunidade quilombola do interior das Ilhas Faroe e aturar musiquinhas típicas no shopping center, na folia de fevereiro eu tenho que pirar, beber tudo e comer todo mundo. Senão não é folia. Nem fevereiro.

A você, meu caro leitor, que vai cair na folia, lembre-se que não são os últimos dias de sua vida; que fígado não é meramente estético; que cancro duro é pior que cancro mole; que herpes genital é pior que os dois; e que ressaca moral não tem cura.

Então, amigo, divirta-se mesmo assim e depois me conte, pra eu poder rir de sua cara.

domingo, 7 de fevereiro de 2010