quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Previsões para 2010




Primeiro, um banho de tacacá podre em um ofurô furado. Depois, 36 horas em meditação ininterruptas, com pernas cruzadas, ouvindo um mantra (Om shiva Om Shakti Namah Shiva Namah Shakti!). Pra terminar, sal grosso entre os dedos do pé, plantando bananeira. Pronto. Completada minha preparação, estou apto a dizer como será o tão esperado ano de 2010.

De cara, não quero iludir ninguém. Para muitos, 2009 foi um desastre em aspectos pessoais, por isso torcem logo pela virada de ano. Apenas lembrem-se: um ano nunca é tão ruim que o outro não possa ser pior. Por isso, é melhor esperar o pior. Assim, nunca se decepciona.

Em termos astrológicos, me chama atenção uma curva na inclinação do delineamento entre Vênus e uma depressão polar na camada de ozônio. Se Marte e a supernova ZO637492-X permanecerem na mesma sintonia cíclica, haverá sérios problemas. Para os ETs, apenas. Aqui, continua tudo a mesma bosta.

Também não posso deixar de citar que 2010 é o ano do azul, regido pelo peixe-boi, pela bigorna, pelo bicho-geográfico e pelos cefalópodes. Sabe o que isso significa? Nada. Absolutamente nada. Ou melhor, pode significar alguma coisa, sim. Que, em vez de ficar só torcendo para tudo ao redor melhorar, você mesmo deve se tornar uma pessoa melhor.

Vamos às previsões:



Política



Para eles, muito a comemorar


Ano eleitoral é agitado. As pessoas só vão sacar que tem que trocar de presidente depois da Copa do Mundo. Mas, cedo ou tarde, têm que tomar a decisão, que acabará por se limitar em: Dentinha Russê e Vampiro Nilson-Serra. Serra ganha.

Todas as mandingas do Lula não serão suficientes. Ele vai tentar dobrar a Bolsa Família, tornar o IPI negativo e aditar o projeto de transposição do rio São Francisco, fazendo o rio dar piruetas por todo o Nordeste. Não vai adiantar. Mas vai até bater na trave.

Haverá seis grandes escândalos políticos, envolvendo tanto pares do presidente quanto a oposição. Mas isso não vai fazer nem cosquinhas nas pesquisas eleitorais, já que Lula não sabia. A campanha petista vai encalhar em outro problema. Três semanas antes do segundo turno das eleições, a imprensa golpista vai descobrir que Dilma é chegada a fazer festas com suecas loiras peladas e gogo-boys. E um vídeo da ministra rebolando de cinta liga, cantando "Hoje eu tô solteira!" no meio da festa, vai cair no You Tube (Lula realmente não sabia, porque não fora convidado). Eu sei, isso não é crime. Mas é suficiente para fazer o PT perder o apoio da igreja e dos setores castos da sociedade.


No Pará, Ana Júlia Carepa é reeleita. A explicação é simples: máquina nas mãos faz reeleger até o capeta com bigode de Hitler para a arquidiocese de Belém. Além disso, ela vai conseguir manter o sigilo de suas festinhas de suingue.



Esporte
 
Fér plêi total no mundo dos esportes
 



Nem se empolgue muito. Brasil fica em 3º lugar na Copa, depois de perder nas semi-finais. Acho que para a Espanha. Não tenho certeza. Na hora que eu estava recebendo essa informação do além houve uma interferência por uma chuva de raios solares que bateu no polo oeste e instabilizou o telégrafo celeste. Mas pelo menos deu pra descobrir que a campeã será a Alemanha.

Vai ser o mesmo lero-lero de sempre. Brasil perde e ocorre uma caça às bruxas. Alguém TEM que ser jogado na fogueira em uma situação dessas, né não? Adianto-vos: o Luis Fabiano vai fazer um gol contra e vai perder uns tantos outros no jogo das semi. Depois dessa copa, quando alguém der uma pixotada, pisar na bola ou fizer qualquer lance digno de Bola Murcha, vão dizer que a pessoa deu uma Luis Fabianada.

Cruzeiro é campeão brasileiro. Na libertadores, o Lanús, da Argentina, elimina Internacional, Corinthians e Framengo ganha a taça.

Por aqui, o Papão sobe para a Série B. Amém.


Economia



...o país do futuro...


A pujança da economia brasileira vai desabrochar assim como uma bombinha que dá o famoso "peido de velha". Toda a empolgação mundial em torno do Brasil vai sucumbir, assim como já aconteceu com os Tigres Asiáticos e até com a vizinha Argentina, em tempos não muito distantes.

Um dos motivos serão os malabarismos de lula para conquistar setores da população e reeleger Dilma. A outra razão é que a história de "Brasil muito safo e tal" era só fogo de palha, mesmo.


Celebridades



Gramúr, muito gramúr


Uma paraense não será escolhida para o Big Brother Brasil. Ela vai ficar na fase prévia e, mesmo assim, virar celebridade local. Quase todas as mulheres do BBB posarão nuas para a Playboy. Uma delas virará repórter da Globo.

Uma penca de pseudo-famosos morrerá e só choraremos depois de olhar quem era pela Wikipedia, para lembrarmos que tal pessoa era assistente de câmera de uma minissérie que passou depois do Corujão na década de 80.

Recebo uma mensagem no meu celular espiritual que o Axl Rose vai morrer em 2010. Ele e o Robin Williams. Coitado, não vai poder aproveitar in loco a cocaína e as prostitutas que fizeram Rio de Janeiro virar sede das Olimpíadas de 2014.



Geral


Entremos confiantes no novo e desconhecido ano



- O Sri Lanka não vai invadir a Rússia.

- O Fábio Jr. casará e descasará. Duas vezes.
- Um super-boeing com 549 africanos negões-zulus cairá e matará todos carbonizados, no trecho entre Nigéria e África do Sul. Mas ninguém vai dar a mínima. Serão cinco segundos no Jornal Nacional.
- Ronaldo engordará 3kg e fará 24 gols.

- Um monomotor cairá e matará os três passageiros, entre eles, uma criança loirinha sueca de quatro anos. O mundo ficará de luto por sete dias e a minha empregada vai chorar ao ver a reportagem de 10 minutos no Jornal Nacional.
- Nova e revolucionária mídia social dominará o mundo. Nela, as pessoas postarão raios-x, sonhos, exames médicos e fotos do próprio cocô.
- Um urso panda recém-nascido vai ficar órfão na Austrália, comovendo o mundo inteiro. O assunto será debatido em mesas-redondas durante seis meses, movimentando a cúpula das Nações Unidas e fazendo a bandeira nacional do Congresso ficar a meio pau.

e

-  Você rirá dos meus novos posts!

QUE VENHA DOIS MIL E DEEEEEEEEEZ!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Dez crimes marcantes de 2009



 
Em vez de um ano com grandes crimes de repercussão, 2009 teve dezenas de homicídios de menor vulto. Assassinatos de policiais continuam, como foi a morte do Cabo da Rotam ainda em janeiro deste ano, cuja reação policial causou a morte de cinco suspeitos. Ladrões linchados e acidentes cruéis também permanecem no noticiário policial. O que chamou atenção neste ano, contudo, foi a forma sistemática com que passaram a ocorrer homicídios por acerto de contas, normalmente relacionados à venda de drogas.

Em uma breve revisão pelo que tem foi noticiado pelo jornal Amazônia, é possível verificar mais de dez assassinatos desse tipo por mês. Há épocas em que ocorrem diariamente ou até vários em um dia só, como foi na Semana Santa, em abril. As 14 mortes registradas no último dia do ano passado e em 1º de janeiro deste ano, também com muitos acertos de contas, soaram como uma mostra de o que estava reservado para a a segurança pública do Estado em 2009.

Janeiro foi, inclusive, um dos momentos mais críticos e tensos em termos de violência. O assassinato do médico Salvador Nahmias, dia 12 de dezembro de 2008, iniciou uma certa comoção popular. Diante desse quadro caótico - e em seguida ao assassinato do procurador Marcelo Castelo Branco, ainda no dia 8 -, houve troca do comando da Polícia Militar. O maior receio era em relação ao Fórum Social Mundial, que se realizou em seguida, em Belém. Na ocasião, o Secretário de Segurança Pública, Geraldo Araújo, admitiu que a situação era grave.

Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), consolidados em outubro deste ano, de fato, comprovam o que o secretário já observara em janeiro. O número de homicídios aumentou 24% de janeiro a outubro, em relação ao mesmo período do ano passado. A violência continua sua escalada, enquanto que os esforços contrários não têm se demonstrado suficientes para barrá-la.

Relatos dos crimes violentos de 2009 poderiam preencher edições inteiras do jornal. Como exemplos da violência neste ano, foram selecionados 10 crimes emblemáticos. Eles servem de reflexão para pais, mães e principalmente para as autoridades, de que, se não houver medidas drásticas, a retrospectiva policial de 2010 poderá ser ainda mais assustadora.


Dia 1º de janeiro: 14 mortes na virada de ano

A manchete sobre as 14 mortes na virada do ano, logo na primeira edição de 2009, contrastou com a bela foto de fogos de artifício, na capa do jornal Amazônia. A notícia parecia mostrar que os muitos votos de felicidades para 2009 não surtiriam efeito no aspecto da segurança pública.

As mortes foram, principalmente, por acidentes de trânsito e por baleamentos. Os acidentes resultaram em 37 feridos. Um deles, no dia 31, foi na avenida Pedro Álvares Cabral. A batida de um microônibus causou a morte de duas mulheres, enquanto que outros 15 passageiros ajudaram a lotar o Hospital Metropolitano de Belém. No dia seguinte, outro acidente com microônibus, na avenida João Paulo II, deixou mais 15 pessoas feridas. Foram sete vítimas fatais de arma de fogo e de faca, quase sempre por acerto de contas.

Dia 8 de janeiro: morre procurador

No dia 7 de janeiro, o procurador da Prefeitura de Belém, Marcelo Castelo Branco, foi baleado na cabeça e morreu, dentro de seu carro, no bairro do Umarizal. Ele nem era o principal alvo do crime. Dois bandidos que haviam acabado de roubar uma farmácia queriam o carro do procurador para a fuga. Não se sabe se Marcelo demorou demais a sair do veículo ou se resistiu ao assalto. O fato é que ele não foi o único morto a tiros naquela noite. Os dois assaltantes também foram baleados, pela polícia, e um deles morreu no Pronto Socorro Municipal do Umarizal.

Dia 17 de janeiro: cabo da Rotam morto

O cabo da Rotam Paulo Sérgio da Cunha Nepomuceno, 32, foi morto a tiros durante um roubo em um comércio no bairro do Curuçambá, no dia 17 de janeiro. Ele voltava para casa, no conjunto Stélio Maroja, quando teria sido reconhecido pelos assaltantes na saída da loja e levou seis tiros. A reação policial no sábado e domingo movimentou 18 viaturas e resultou na morte de cinco dos assaltantes supostamente envolvidos no crime, sempre sob justificativa de reação dos suspeitos, seguida por troca de tiros. Dois dos acusados mortos eram filho de outro cabo da Polícia Militar, Paulo Dias dos Santos.

Dia 10 de março: chacina em Garrafão do Norte

Cinco pessoas foram mortas por parentes, a tiros e facadas no dia 10 de março, em reserva indígena dos Tembé, próxima ao município de Garrafão do Norte. Os acusados, irmãos Roberto Gomes de Souza e Antônio Wilson Gomes de Souza, foram presos seis dias mais tarde, no município de Viseu. Eles estavam armados com três espingardas, dois terçados e munição, além de estarem com dinheiro supostamente das vítimas mortas. O motivo da chacina seriam desavenças sobre a divisão de um roçado entre os irmãos - os dois presos e o terceiro, morto por eles. Entre as vítimas, estavam a mulher do terceiro irmão e suas duas filhas, de 9 e 13 anos.

5 de abril: 15 mortos em 48 horas, entre eles, um esquartejado


Assim como na virada de ano, a maioria dos mortos nos dias 4 e 5 de abril - Domingo de Ramos - foi vítima de acidentes de trânsito, enquanto que os demais foram alvo de tiros e facadas. Entre estes, o caso que mais chamou atenção foi o de um corpo encontrado esquartejado na estrada do Bagé, no conjunto Catalina, domingo. O corpo estava tão desfigurado que não chegou a ser reconhecido. A cena foi chocante até para os policiais mais experientes. O indivíduo morto foi enterrado como indigente e sua identidade permanece desconhecida até hoje.

12 de junho: Fujões matam investigadores

Dois policiais civis e dois bandidos foram mortos no dia 12 de junho. Os investigadores Adenildo Rodrigues da Silva e Ivan Damasceno de Oliveira foram assassinados por dois presos que haviam acabado de fugir da Seccional da Marambaia. As circunstâncias do crime formaram um quebra-cabeça difícil de ser solucionado, uma vez que os fujões estavam algemados e, no fim das contas, os policiais foram baleados pela mesma arma que um deles, Adenildo, carregava. Ainda na fuga pelo bairro da Marambaia, após matarem os policiais, os dois bandidos trocaram tiros com policiais militares, mas dessa vez levaram a pior, sendo atingidos e morrendo.

28 de setembro: adolescente linchado

No dia 28 de setembro, um adolescente de 16 anos foi linchado após tentar assaltar um ônibus, no bairro do Telégrafo. Durante todo o ano foram comuns as ocorrências de bandidos sendo espancados pela população, após tentativa frustrada de assalto, assim como se tornou normal ver menores de idade cometendo crimes violentos. Nesse caso, os dois elementos estavam presentes e o caso terminou em morte. Ao anunciar o assalto, o ladrão levou uma facada no pescoço, dentro de um coletivo na avenida Pedro Álvares Cabral. Moradores do bairro ainda subiram no ônibus para descarregar a fúria sobre o assaltante e trucidá-lo.

20 de novembro: duplo homicídio

Um duplo homicídio ocorrido no dia 20 de novembro, no bairro do Icuí, teve todas as características de acerto de contas. As duas vítimas - um homossexual em um recém saído do presídio -, andavam juntas pelo loteamento Parque Icuí, quando foram abordadas por desconhecidos. Quando um deles foi baleado na cabeça, o outro tentou fugir, mas não foi longe; também foi atingido na cabeça e morreu na hora, a cerca de 30 metros do companheiro. Do pouco que a polícia conseguiu desvendar no mesmo dia estava a grande possibilidade de que o caso se tratava de acerto de contas. O fato de o homossexual ser conhecido como dependente químico fortaleceu a suspeita de que ele tivesse alguma dívida com traficantes.

Dia 27 de novembro: latrocínio em Maracanã

Um assalto a banco do município de Maracanã, no dia 27 de novembro, terminou com um morto. O pai de um estagiário do banco, Romildo Ferreira Santana, ao saber do crime, foi até a agência para ver o que estava acontecendo. Ele acabou cruzando com os mais de 10 bandidos que saíam com cerca de R$ 700 mil roubados. O assaltante disparou uma rajada de metralhadora no peito de Romildo, que morreu na hora. Vários outros tiros foram disparados, deixando o carro da polícia civil, estacionado em frente à agência, crivado de balas. Até hoje, sete dos cerca de 15 bandidos que participaram do assalto, foram presos.

17 de dezembro: policial e bandidos mortos em tiroteio

Três pessoas morreram e três ficaram feridas em uma troca de tiros no dia 17 de dezembro, no bairro de Nazaré. Dois bandidos que tentaram assaltar clientes de uma agência bancária localizada na travessa 3 de Maio, foram mortos pela polícia. Mas antes disso, eles chegaram a matar também o cabo da Polícia Militar Moisés Pinheiro, em troca de tiros durante a fuga. Uma idosa foi feita refém e três policiais ficaram feridos.


Publicado no jornal Amazônia, dia 27/12/2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

As nove filhas de Zeus




Desconsidere o QI e a voz. Não importa se fazem um lindo trabalho humanitário ou se são pansexuais. Apenas condense em uma mulher as qualidades estéticas dessas nove moças e terás a perfeição.

São musas. Também no sentido mitológico da "figura feminina que inspira a criação". Originalmente, a palavra faz referência às nove filhas de Mnemosine e Zeus, deuses cultuados na Grécia antiga. Todas eram maravilhosas, cada uma com sua marca registrada.

Teoricamente, não me bato muito se a mulher é baixa ou alta, morena ou branca, bem magrinha ou um pouco fofinha, tanto faz. Como tenho uma leve preferência pelas branquelas, elas acabaram prevalecendo nessa lista. Nada contra melanina. Eu só quis dizer.

Outro padrão que pode ser captado nessa minha lista é que acho legais as moças com um quê de simplicidade, doçura e anjelicalidade (?), meio como eram descritas as amantes imaginárias de poetas do Romantismo. Ao mesmo tempo, me atrai uma pitada de acidez, tatuagem e piercing, sem exageros. O exemplar humano do gênero feminino que consegue ser amável e sensual ao mesmo tempo tem alguma chance comigo. Ê.




Calíope, a de bela voz:

Carla Bruni



Só descobri sua existência quando ela começou a satisfazer seus instintos sexuais com o presidente da França, há dois anos. Como é cantora, se encaixa perfeitamente como a filha de Zeus de bela voz, embora esse não seja um atributo analisado aqui.

A pobre está começando a ficar um pouco passada, já que esse mês completa 42 anos. Mas o que a incluiu nessa lista foram seus incríveis charme e elegância, coisas que não se perdem com o tempo.

Como primeira-dama francesa, Carla Bruni sacou que não poderia andar com qualquer trapo. E mais; tinha que fazer o povo esquecer das fotos sensuais e de peito de fora que já tinha tirado, por conta da carreira como modelo. Bruni acertou em cheio na cara de moça-recatada-que-no-fundo-é-safada. E também nos trajes, ao ponto de, quando aparece na TV, me faz parar para assistir, mesmo que ela esteja em um leilão de búfalos africanos.





Clio, a Proclamadora
Luisa Micheletti



Tem a minha idade, foi baixista de uma banda e ganha a vida falando de música. Aliás, esqueçam isso. Ela é gata e se enquadra com perfeição no adjetivo "estiloso". E não, ela não é filha do presidente hondurenho golpista.

Fui apresentado televisivamente a ela este ano (demorou porque não pega MTV em casa). De cara, achei-a bonitona e charmosa. Em termos de apresentação dos clips, ela não me chamou atenção. Aliás, nenhum atributo dela analisado separadamente faz alguém babar. Luisa não é do tipo popozuda garota molhada do verão. Mas o todo é extremamente atraente, isso sim.






Erato, amável
Michelle BBB 9


Se não fosse tão bonita, a então Miss Pernambuco teria sua aparição pelo Big Brother Brasil esquecida um mês depois. Principalmente porque passou só uma semana no programa. Os critérios para escolha de uma miss costumam ser bem diferentes dos meus, só que nessa vez os jurados acertaram em cheio.

Uma das coisas ruins do fato de ser conhecida apenas pela beleza, por exemplo, é que ninguém sabe que o sobrenome dela é Costa. Até que seria útil se ela fosse ao cartório acrescentar "BBB" no final.  Acho que ela só não faz isso pra não virar, de cara, irmã de outros milhares de BBBzes que tiverem a mesma ideia.

Outro lado desagradável para a pobrezinha é que foi muito difícil encontrar uma foto boa dela que não fosse meio pornográfica. Desculpem-me os puritanos.

Então, eu não sei o que ela faz da vida hoje, não lembro como é a voz dela, nem sei se ainda está viva. Só sei que, para o meu gosto, foi a BBB mais bonita até hoje.




Euterpe, a doadora de prazeres
Cameron Diaz


Com essa cara de safada, não poderia deixar de ser a Doadora de Prazeres. Entre as filhas de Zeus, deve ter sido a que engravidou mais nova do namorado e deu mó trabalhão desde cedo.

Tecnicamente, podemos detectar várias características que a afastam da perfeição. Continua magrinha, mais de 20 anos depois de iniciar carreira como modelo. Depois de ser a loira do Máscara, engatou um monte de papéis importantes em filmes legais, quase sempre aproveitando sua sensualidade natural. Acho que ela ficaria sensual até como freira. Até com burca. Até sem roupa! :-P

Próxima!



Melpômene, a poetisa
Bar Refaeli


Numa análise fria, essa israelense é a mais bonita das raparigas listadas aqui. O único possível defeito seria o pézão; ela calça 40. Mas olhe novamente para a foto acima - sabendo que ela tem 1,74 - e me responda se essa informação é realmente relevante. Não, né? Se você se importar muito com isso, lembre que o nome dela é bacana. É onde você, meu caro colega cachaceiro, costuma encher a cara.

O leitor pode estar se perguntado como eu fui conhecer a moçoila. Foi na capa do Jornal Amazônia! Isso, quando ela começou a ficar mais badalada, ao namorar Leonardo di Caprio logo depois que ele terminou com a Gisele Bundchen. Não costumo ficar babando de graça por qualquer quenga mulher que enfeita a frente do jornal, mas nesse caso, me chamou muita atenção e tive que verificar quem era.

Se você ainda está em dúvida, jogue o nome Bar Refaeli no google.imagens. Rápido vai concordar comigo. É tão gata que fica mais bonita nas fotos naturais do que nas posadas como modelo.


Ah, e por que "a poetisa"? Simples. Porque modelo calada é poeta, como diria Romário. Como nunca ouvi a voz dela...



Polímnia, a de muitos hinos
Scarlett Johansson



Não é à toa que seduz o velho tarado Woody Allen. Espero que ela não tenha tido que passar por um teste do sofá, pra não estragar minhas fantasias. Scarlett Johansson tem alguns traços marcantes e um sorriso muito bonito. Tá bom, chega. Se eu ficar falando só de sorriso dessas mulheres, vão me chamar de gay.

Não lembro de já ter assistido um filme em que ela atuasse. Pouco tenho a falar sobre essa moça, exceto o óbvio, detectado pelas retinas de qualquer surdo (?).

Next!





Tália, a que faz brotar flores
Megan Fox


Se eu já não tenho muito a falar da Johansson, imagina dessa aqui. Não vi nem trailer de Transformers, o filme que a tornou mais famosa. Foi por matérias jornalísticas sobre filme que descobri sua existência. E não foi preciso olhar duas vezes para sacar Megan Fox como uma ultra-musa-power-mega-fit-tabajara.

E, mulheres, não adianta torcer o nariz. Ela mantém a beleza mesmo sem posar de modelo, como fazia antes de virar atriz. Pois é, outra modelo que virou atriz.

Cuti cuti, Megan Fox é a mais nova da lista: 23 anos.

Olhe mais uma vez para a foto. Isso, aproveite.

Já chega. Próxima!



Terpsícore, a rodopiante
Mel Lisboa


Eu sei que ela não tem nada a ver com dança. Mas é que essa não podia faltar, pô. Até porque nenhuma das nove filhas de Zeus tem como característica "seduzir o vizinho tiozão", pra eu poder encaixar a Mel Lisboa.

Bem, os inteligentes sacaram que eu me referia à minissérie Presença de Anita, que passou na Globo. Mas não é preciso mentalizar o fetiche que ela causou na época para homenagear (sem trocadilhos, seus mão-peluda) Mel Lisboa com o título de musa. Ela é - ou pelo menos era na época - sensual demais. Pra piorar, com uma beleza simples, sem traços fortes, olhos verdes ou qualquer qualidade muito chamativa se analisada separadamente. A virtude é formar um conjunto excepcionalmente harmonioso.

Essa simplicidade e, inclusive, um dos pontos a favor da Mel Lisboa, em relação às últimas quatro musas listadas. Além disso, os traços são mais brasileiros, o que eu também considero como vantagem.





Urânia, musa da astronomia

Paola Oliveira




Astronomia? Claro, tem mó cara de quem gosta de falar de horóscopo, mas não tem problema. Na foto ela está calada. Tenho que admitir que a Paola Oliveira foi a última escolhida da minha lista. E mesmo assim, esteve constantemente em risco de ser trocada por outra, tipo a Mila Jovovich. Mas ela já está escolhida e eu não vou me arrepender. É muitíssimo bonita, com traços nacionais simples.

Fiz questão de colocar uma imagem "antiga" dela, antes de fazer sucesso hoje em dia na novela das 8 com cabelo e maquiagem diferentes. Quis mostrar que ela é bonita também sem a maquiagem que puxa os olhos dela para a diagonal superior. E que o cabelo assim e assado também não muda nada do meu conceito sobre ela.

Estranho eu escolher uma mulher de novela, já que eu não vejo essas chatices. Não assisto novelas; são as novelas que me assistem, enquanto eu trabalho. A TV fica ligada e, quando essa desgraça de Paola Oliveira aparece, meu zóio apontam espontaneamente para a tela.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Marcas de um Tecnovelho


Vovô conversando com a neta pelo MSN


"Maldita inclusão digital!", bradam os iniciados no mundo virtual, ao ver asneiras de neófitos pela internet. Minha preocupação maior nem é com esses, uma vez que todos um dia já fomos iniciantes e, em tese, aprendemos com o tempo. Agora, um tecnovelho - isto é, um ser de idade mais avançada e pensamento travoso para lidar com a tecnologia - sempre será um tecnovelho.

O conceito não trata estritamente da idade da pessoa. Pode haver um tecnovelho de 20 anos, desde que pense e aja como um idoso virtual; assim como um geek de 50. Tecnovelhice é um estilo de vida que transcende o numeral que representa sua idade.

Um estilo de vida marcante, acrescento. Detectável a centenas de metros de distância. Exala odor característico, perceptível até por quem está ao outro lado da tela de um computador. Existe um padrão de comportamento em tecnovelhos, determinado por características especiais no DNA, com uma curva acentuada à esquerda em sua dupla hélice (?).

São figuras constantes no Tolices do Orkut, verdadeiros mestres do humor involuntário. É claro que essa limitação não os torna inferiores ou desprezíveis. É uma turma gente boa, quase sempre. Na hora em que pergunta "como faz para...", todo mundo sai correndo, rola pelo chão, pula pela janela e evacua o lugar como se tivessem soltado uma bomba química.

Com as características que vou passar agora, é possível detectar um tecnovelho num raio de três quilômetros. Se você tem ou conhece alguém com duas dessas características, é batata (isso foi uma velhice): trata-se de um idoso cibernético.





O vovô de hoje ensinou o velho de ontem a operar um desses

Marca #1: Celular berrante


Qualquer aparelho móvel que emita sinais sonoros com intensidade superior a 40 decibéis pertence a um tecnolvelho. A premissa - falha - dos idosos é que o celular tem que dar um berro da mesma altura do telefone fixo da casa dele. Para piorar, o desgraçado do velho adora esquecer o celular numa mesa enquanto vai ao banheiro. Enquanto o celular se esgoela, todo mundo para, se entreolha e olha pro celular, possivelmente um modelo popular há três anos (até porque velho não sabe mexer num Blueberry).

Quase sempre é o Nokia Tune ou algum daqueles toques clássicos do tempo do celular monofônico, num volume capaz de fazer o ambiente sacudir até o nível 4,5, na escala Richter. Quando o tecnovelho sai do banheiro e pega o celular, vem mais uma característica marcante: fica olhando para a telinha por uns cinco segundos, tempo suficiente para ler quem está chamando, lembrar de onde a pessoa e decidir se vale ou não a pena atender.


Marca #2 : Digitação datilográfica


O cara castiga as pobres letrinhas com pesadas marteladas. Ou então tá matando formigas em cima do teclado. Sei lá. Só usa um dedo em cada mão para pressionar as teclas. Os mais calmos usam os indicadores, enquanto que os escrotos usam o cotocal, para ver se consegue furar o teclado com uma dedada de 15 toneladas, capaz de perfurar rochas.

Além disso, o tecnovelho olha atentamente para o teclado, para conseguir achar o "backspace", "delete", "enter" e similares. Salvar o documento? Arquivo, salvar. Copiar e colar? Vai em editar. Não usa uma única tecla de atalho. O sobrinho já ensinou o Ctrl C + Ctrl V zilhares de vezes, mas o velho empaca, sempre esquece e, no seu íntimo, acha mais fácil usar a barra de menus para esse objetivo.


Marca #3: Super-sobrinho



Aliás, sobrinho é a salvação da lavoura (#velhicedetected) dos tecnovelhos. Sem ele, o cara não saberia nem ligar o PC. Em síntese, para chegar o ponto de o idoso virtual usar o computador sozinho, alguém foi perturbado sem piedade, a cada cinco minutos, por pelo menos seis meses.

Cada usuário de computadores com cabelos brancos virtuais já precisou de alguém 30 anos mais novo (também virtualmente falando, claro) para operar tecnologias. E isso não vem de agora; diálogos assim são comuns desde milênios Antes de Cristo:

- Sobrinho, vem cá!
- Que foi?
- Como é que faz para usar essa roda aqui?
- Ah...tá bom - responde o moço, enquanto anda com os pés arrastando no chão.


Marca #4: Formalidade

Cá pra nós (#velhice), é engraçado conversar com um velho pela internet. O cara começa todas as frases com letras maiúsculas e põe todos os pontos em seguida, como se estivesse escrevendo uma monografia dentro das ABNT. Ora bolas, o cara tem gírias supimpas pra dedéu, de estourar a boca do balão!

Mas aí vem o problema: como entender o que o adolescentezinho está dizendo? É simples, não dá. A conversa termina em poucos minutos.

Quando o tecnovelho já tá começando a se acha um "geek" - na verdade ele não se acha isso, porque não sabe o que "geek" significa, ele esbarra em um problema simples: a língua inglesa. Depois de metralhar o pobre sobrinho com perguntas óbvias como "cadê o arquivo que eu baixei agora?", o cara passa a perturbar com coisas do tipo "o que significa 'erase all'?".

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vilões ou injustiçados?


"Stédille no Big Brother, já!"

 
"O Incra ocupado por sem-terra, de novo?" Foi o que passou pela minha mente quando li minha pauta, na redação do jornal. Mas o pensamento não se resumiu a uma interjeição. Reprovei a atitude desordeira e clamei por fogo do céu (ou por um hadouken, já serve) contra o Estado, por permitir a gaiatice.

Invadir prédios públicos se tornou a varinha mágica para meliantes manifestantes chamarem atenção e conseguirem o que querem. Isso por causa da complacência com que são tratados. Mais terras? Ocupa o Incra. Falta estrutura? Ocupa o Incra. Dor no dente? Incupa o Oncra...ah, sei lá, deu pra entender.

A irritação foi maior ao ver como os invasores, hostis, se sentem donos do pedaço. Não deixaram os carros de reportagem entrar e nem souberam justificar por quê. O importante era sentir o poder de impor limitação. É especialmente gostoso para quem normalmente só tem a obedecer.


Insira os caras da foto acima (sem foices) neste cenário e imagine como fui recebido

Minha caminhada até o líder da Fetraf foi com a "escolta" (termo usado por eles) de um ocupante moreno e baixinho. Durante o trajeto, uma amostra da pobreza rural. Gende se balançando em redes atadas em árvores e colunas, homens vestindo trapos enquanto jogavam dominó e panelas que pareciam caldeirões eram aquecidas em fogueiras no chão de areia.

De longe e de perto, curiosos acompanhavam a equipe da TV Liberal. Não sei se o que mais chamava a atenção deles era a câmera em si ou a repórter, magra, branca e de cabelos lisos, uma beleza incomum entre roçadeiras. Assim, o diretor da Fetraf passou a explicar sobre a reintegração de posse que desalojou 2,2 mil pessoas no interior do Estado. Disse que era injusta e apresentou argumentos válidos.

Enquanto ele discursava, um bombonzeiro circulava, na esperança de faturar uns trocados. Uns cinco metros atrás, outro acendia um baseado na fogueira. Passei a conversar com uma senhora que disse ter morado por mais de 20 anos no terreno de onde foi expulsa, em Barcarena. Segundo ela, a área foi grilada para grandes empresas. Plauzível.

Dona Maria falava se balançando em uma rede no seu barraco, uma lona sustentada por galhos de árvore. No lado de fora, uma criança de uns seis anos carregou outra, talvez de três anos, para a altura do tabuleiro do vendedor de guloseimas, para que ela pudesse ver e, quem sabe, amolecer o coração do cara. Não adiantou. Um velho chegou, entregou umas moedas para o vendedor, pegou meia dúzia de balas e foi embora, sem ligar para as crianças. Mesmo assim a menorzinha, de cueca, parecia feliz pulando de um lado para o outro, e correu para longe até eu perdê-la de vista.

"E se essa galera tiver sido, realmente, vítima de uma sacanagem? É provável. Que opção melhor têm, senão viajar até aqui para meter o dedo no orifício anal do governo até conseguir um espaço? Os caras estão desde segunda-feira sem deixar nenhum trabalhador entrar no Incra. Ei, isso também está errado...". Coisas assim rondavam minha cabeça no percurso de volta ao carro da reportagem.

"Exigir frieza de quem leva um pé na bunda de maneira arbitrária é fácil. E mesmo que a retirada da turma tenha sido certinha, o governo tem que fazer reforma agrária, para assentar os caras numa dessas terras que estão paradas aí, só no descanso de tela. Parece que uma injustiça provocou outra - a desordem no Incra - e pode causar outras, num ciclo sem fim. A solução? Não tenho. Sou jornalista, estou aqui só para contar as desgraças sucessivas e sobrepostas...", continuei pensando, aleatoriamente, durante a caminhada. Eu ficava cada vez mais preocupado sobre que padaria escolher para matar minha fome. Sem saber quem tem a razão e sem ter a solução, o jeito era voltar à minha confortável posição de burguesinho da capital e escolher uma broca aí.

Quase chegando à portaria, uma placa: "Obrigado pela sua visita".

De nada.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fernanda Young, a musa


A apresentadora salvando o erotismo das mãos da breguice


Não é necessário ser leitor da revista Playboy para notar que, de vez em quando, ela gosta de fazer alguma mulher estranha pagar mico na capa. A nudez da apresentadora Fernanda Young, lançada hoje, era para passar por algumas piadinhas de bom gosto, mas sem grandes turbulências, se não se tratasse de uma mulher tão linguaruda.

Pior: a revista acertou em cheio na polêmica. Acentuou a guerra dos sexos, colocando de um lado quase todas as mulheres, que acham a moça "estilosa", e do outro os homens, que veem nela uma rapariga esquisita e sem graça, alvo da "vergonha alheia".

A culpa de tanta discussão em torno da capa da Payboy deste mês está na própria mulher despida. Desde os tempos de Mara Maravilha e Hortência, a revista não tinha uma capa tão insossa. A grande diferença de agora é que a Fernanda Young se acha mais do que Juliana Paes; se sente a justiceira que entrou em uma cruzada para "tirar o erotismo das mãos da breguice", dizendo que "posar nua já foi um ato político" e que aceitou o convite por "pura vingança". Vingança? Só se ela se cansou do programa Irritando Fernanda Young e resolveu agora fazer o Fernanda Young Irritando (os homens). Ainda bem que ela está "se lixando para o que os idiotas vão achar". Melhor pra ela.

Curioso é que Young inventou uma rivalidade com as ex-BBB. Vai achar lindo se a sua xereca vender mais. Mui digna concorrência.

Young também se incomoda com as mulheres-fruta. Não vi as fotos de nenhuma delas, mas nem é preciso. Se o Ibope fizer uma pesquisa, vai detectar que todas as mulheres acham a Fernanda Young mais bonita, enquanto que todos os homens preferem uma mulher-fruta, mesmo se vier verde e com bichinho de goiaba por dentro.

Mas, sejamos justos: a Fernanda Young não é tão feia assim. Vamos imaginá-la calada, sem tatuagens há 20 anos. De repente até rola um terecoteco em uma noite de muito álcool e pouca iluminação. O problema é que ela é uma tagarela chata; metida a supergirl; com um punhado de tatuagens ridículas que, juntas, fazem um conjunto monstruoso; e ainda por cima resolveu tirar a roupa aos 39 anos.

O mais interessante de tudo é que, se ela fosse lindíssima, não estaria tão tensa para provar algo a sei lá quem. Em síntese, Fernanda Young é o que muitas mulheres gostariam de ser, e o que poucos homens gostariam de ter.



Photoshop não conseguiu salvar a breguice da falta de erotismo


Aqui vão algumas dicas para as mulheres não pagarem o mico da Fernanda Young, mesmo que, assim como ela, não sejam o sonho de consumo masculino:

1 - Não se ache melhor que as outras mulheres. Quando está óbvio que você é bem pior, então, soa mais que ridículo;
2 - Seja legal. A chatice aumenta até três vezes seu coeficiente de feiúra;
3 - Deixe de lado a vã luta de fazer os homens mudarem de gosto, só porque você não tem as características das mais desejadas;
4 - Você é inteligente? Legal, mas tentar provar ser mais esperta que os homens é estúpido e o resultado, irrelevante;
5 - Assuma que exibiu a xereca por dinheiro. Sinceridade é desejável;
6 - Tenha mais cuidado na escolha de tatuagens do que de roupas;
7 - Vingue-se dos seus ex sem fazer o atual passar vergonha;
8 - Chatice não é sinônimo de inteligência;
9 - Inteligência não é sinônimo de beleza;
10 - Na Playboy, uma coelhinha feia com 800 livros publicados vale menos que uma coelhinha bonita analfabeta.

domingo, 1 de novembro de 2009

A Saga de um Porre








"O bar já tinha fechado quando todo mundo se despediu pela décima vez e foi embora. Depois disso, me lembro de ser embalado de um lado para o outro, já dentro do táxi. Dias depois, o taxista me contou que antes de entrar no carro, me viu parado, em pé, na calçada do bar fechado. Eu estava com a cabeça balançando como um pêndulo e com olhar disperso por mais uns dez minutos, depois de meus amigos terem ido embora. Ele conta que me perguntou se eu queria táxi e eu, calado, simplesmente entrei no carro pela janela e permaneci numa posição "cirque du soleil" no banco de trás.

Daquela noite, lembro flashes. Não sei como minha mente, já baleada, retém até agora o momento em que o carro fez uma curva para a esquerda e eu olhei o relógio: 3h41. Acordei quando o táxi parou na frente de casa. Pelos trocados que restaram na minha carteira, devo ter perdido um excelente tour pela cidade.

Quando saí do carro (acho que foi pela janela de novo, já que minha barriga tá doendo até agora), ainda estava escuro. Na hora que peguei na maçaneta da porta de casa, o céu começava a clarear. Tem até lógica: devo ter ficado mais 10 minutos em pé, antes de começar a cambalear até a porta. Lá, me toquei que tinha esquecido a chave. Revistei meus bolsos e só faltei tirar a roupa pra vasculhar. Procurei até embaixo da cueca. Nada. O jeito era pular o muro.

Eu sabia que o álcool fazia mulheres ficarem mais gostosas vistosas, mas não que deixava obstáculos mais altos. Sério. O muro era um pouco mais baixo que eu mas, naquela noite, parecia ter uns três metros! Estranho que foi até fácil. A sensação é que eu fui teletransportado. Lembro de olhar para o topo do muro por uns 15 segundos e, depois, de levantar do chão, já do lado de dentro.
Daí em diante foi a parte mais difícil. Toda hora que eu levantava, parecia que alguém sacudia o chão e eu caía. A porta dos fundos hora ficava larga, hora estreitava. Olhei atentamente pra sentir o ritmo em que ela esticava e encolhia. Quando estava esticando de novo, dei um pulo do chão e tentei me jogar pra dentro de casa. Não funcionou. A porta encolheu bem na hora que eu ia passar e dei de cabeça na parede, fazendo soar um baque surdo, mas nem doeu.

Como toda hora eu voltava ao chão, como se puxassem meu tapete, achei que seria mais fácil fazer o trajeto colado nele. Com o #reptilemodeon, me arrastei e consegui entrar. A parte de dentro de casa parecia um labirinto e eu não lembrava onde era meu quarto. Escolhia aleatoriamente um caminho e dava de cara em uma parede. Tentava outro, nada. Tentava mais um e via que já havia estado lá.

Estava prestes a desistir e dormir no chão do corredor quando vi um cômodo com a porta aberta. Decidi que dormiria lá, mesmo que fosse a cama do capeta. Afinal, como minha casa nunca teve tantos cômodos assim, havia uma boa chance de eu estar entrando, de fato, no meu quarto. 

A embriaguez deve me deixar mais exigente, porque a cama estava dura e não achei meu travesseiro. Em condições normais, não me importaria em rolar numa cama de faquir abraçado a um porco-espinho como travesseiro. Quando fechei os olhos pra dormir, me sentia rodando como se estivesse numa nave espacial em gravidade zero e logo apaguei.

É tudo que lembro".




O delegado balançava a cabeça levemente em sinal de reprovação, olhar com desdém e sorriso de canto de boca. Encerrou o depoimento do Boletim de Ocorrência, na delegacia, com uma pergunta cuja resposta sabia que seria uma ingênua negação:

"Então, você não notou que dormiu na mesa da sala do vizinho. Certo?"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Chato




Você já conheceu vários. Pelo menos uma penca em cada fase da vida. Não duvido que essa lata, atrás dessa tela ensebada, pertença a alguém dessa raça longe de extinção.

Estou falando dos chatos. Trata-se de uma categoria não-rara que se reproduz como gremilins. Espalham-se como a Gripe A; são temidos tal qual gravidez de ficante em circunstância de embriaguez; mas no fim das contas, todo mundo acaba se apegando a algum chatonildo. Pelo menos um, nem que seja só pra cantar "ele é chato, mas é meu amigo!".

Chatos são como o cravo enfiado no docinho; você tira porque é intragável, mas ainda fica o gosto de unha encravada no doce. Chatos são fruto da criatividade do bigbang, da ecleticidade do Criador. São para nos tirar da mesmice e nos provar que sempre pode haver uma companhia pior do que a solidão.

E não faça essa cara de "eusousuperlegal", pois ao menos alguma gota de chatice é inerente em cada ser humano. Ninguém está imune, é um fato biologicamente comprovado. Para a mulher, então, é institucionalizado pela TPM. Mesmo as que não têm útero usam-no como desculpa para esbanjar antipatia.

Para facilitar sua vida, peparo aqui um teste para que você, meu caro leitor, detectar pessoas enjoadas facilmente e, ainda, descobrir se pode se enquadrar ou não no clube dos chatos. Caso, ao final do teste, fique cientificamente comprovada sua condição de chatobaldo, não se preocupe. Faça pior: entre em pânico, já que nem os chatos se suportam. No máximo, você terá um amigo, que o aturará sem saber por quê.

Se, por outro lado, você se detectar no lado de fora do círculo satânico dos pé-no-saco, não solte fogos. A idade é mestra em sugar novas vítimas para o submundo da antipatia. Ou seja: não importa o quão legal você é hoje, o tempo é capaz de torná-lo um campeão mundial de pé-no-saquice.





TESTE #1: O grudento



- Difícil saber se o cara é chato por ser grudento ou grudento para ter companhias, já que ninguém atura tamanha chatice. O importante é que uma das características elementares de um ser desagradável é a sua insistência doentia em querer estar por perto da sua presa.

Uma pessoa assim comete sucessivos estupros fraternos. Ela não sacou que, assim como para um casal chegar à troca biológica, é necessária antes uma química para poder rolar a parte física, existe também uma matemática implícita para que nasça uma história de amizade.

O grudento é como uma doença crônica; não dá para vencer, temos apenas que aprender a lidar da melhor maneira possível para evitar maiores estragos. Não dar muita bola e responder perguntas monossilabicamente são remédios indicáveis, mas a superdose gera efeitos contrários aos desejados, tipo: "você está me ignorando? Por quê? O que eu te fiz?..." a cada cinco minutos.


TESTE #2: Sem graça




Reação comum diante de uma piada do chato


- Piada #fail acontece com todo mundo; se se achar O HUMORISTA sem um pingo de graça já complica. O pé-no-saco conta piadas que fazem todo mundo pensar "...?", e ainda solta gargalhadas. O chato fica no meio do caminho entre o engraçado e o tão-sem- graça-que-chega-a-ser-engraçado. Enfim, fracasso total.

Para se ter uma ideia da criatividade do chatonildo, em todo encontro de amigos ele conta as piadas dos cúmulos, dos pontinhos...

- Um ponto amarelo na praia?
- Hum...
- Rufles, a batata da onda! HAHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHHHHA HAHAHAHAHHAH AHAHHAHAHAHHHHA ai minha barriga, tá doendo...HAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHHHHAHAHA HAHAHHAHAHAHHAHAHAHHHHAHAHAH essa foi boa, né não? AHAHHAHAHAHHAHAHAHHHHAHAHAHAHAHH AHAHAHHAH AHAHHHHAHAHAHAHAHHAHAHAHHAH AHAHHHHAHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHHHHAHAHAHAHA HHAHAHAHHAHAHAHHH!
- ¬¬




Marca registrada do chato

TESTE #3: Papo chato


- Não sabe conversar. Enquanto o papo sobre futebol está no auge, ele quebra o ritmo e solta algo como "vocês viram Ana Maria Braga ontem?". Os amigos se olham discretamente com cara de "ignoremodeon" e continuam falando como o Framengo está próximo de não conquistar nada de novo.

Para completar, o chato não deixa ninguém falar. Interrompe a frase dos outros no meio do papo e conta causos que não têm nada a ver com o assunto.


TESTE #4: Paga-mico serial


- Ele comete gafes e queima todo mundo. Diz que a amante perguntou pelo amigo, na frente da namorada. Fala mal de uma "velha loira lá do colégio, que usa a calcinha enfiada na bunda", sem saber que a mulher é mãe do colega ao lado. Enfim, tem um radar no subconsciente para detectar a pessoa, frase e a hora erradas.


TESTE #5: Mau gosto


- Só fala quando tem certeza. Certeza de que vai defecar pela boca alguma coisa que nunca deveria ter vindo à tona. Suas brincadeiras, piadas e apelidos são de péssimo gosto. Se acha super original por contar piadas anatômico-femininas no jantar do amigo muçulmano xiita, com toda a família do cara na mesa; de chamá-lo de viado na mesma mesa; de contar, no jantar, quando o cara foi flagrado pela coordenação pelado com uma menina no banheiro da escola; e de sugerir que Maomé era viado. Tudo na maior simpatia, achando que está CAUSANDO.


TESTE #6: Insistência


É possível ser um Demolay, revendedor de Herbalife ou evangélico legal. O que deveria ser proibido em lei era um chato se incluir em uma dessas três categorias. Se for as três juntas, trata-se de um teaser do anticristo.

Explico. Um chato que se preze é insistente. Então, quanto menos coisa ele tiver para te empurrar goela abaixo, menos danosa vai ser a companhia. Nesses momentos, o indicado é aceitar ir para o encontro, para que o cara pare de perturbar. Mas importante: não junto com o chato. Vá em outro horário e, não gostando, terá sua justificativa para se safar.

Se bem que não é necessário um motivo muito específico para o chato insistir. Se ele cismou que quer ir num bar novo que abriu na passagem da Ligação, na Terra Firme, vai encher o saco até conseguir levar os amigos lá.


TESTE #7: Reclamão


- Claro que ninguém precisa gostar de tudo. Óbvio que um mau humor circunstancial faz tudo à volta ficar pior. E ainda há quem fale mal de tudo por mero charminho, vá lá. A questão é quando, mesmo nas Condições Normais de Temperatura e Pressão, a pessoa acha tudo ruim. Ou pior: o chato consegue levar todo mundo para o bombante novo bar da Passagem da Ligação (com escolta da Rotam) e ainda é o primeiro a reclamar do lugar.

Se a cerveja estiver dois graus acima do ideal, está "quente parece mijo". Se não tem ar condicionado, o lugar é um inferno. Se tem, pergunta "quem é o esquimó que botou essa joça pra cuspir gelo?". Uma insatisfação irritante.


***


Recado aos amigos: Não pensei especificamente em nenhum conhecido meu ao escrever esse texto. Não seja paranoico achando que "o Filipe não me ama e resolveu expor isso pra todo mundo buáá!!". Então, quem ficar me perguntando "O chato do texto sou eu?" vai ouvir SIM como resposta, só por causa da pergunta.

Almoço regional



Almoço de feira VIP


Eu já tinha ido lá milhares de vezes, quase sempre para fazer matérias para o jornal. Mas, ontem, depois de já estar na rua de manhã, deu vontade de almoçar e tomar açaí de sobremesa. A Feira da 25 de Setembro me pareceu a melhor opção para fazer as duas coisas no mesmo lugar.

Ao chegar, o primeiro passo é o mais difícil: a escolha. Não do cardápio; mas sim de onde sentar. É complicado escolher uma das bancas, já que são todas iguais. Não há nem uma plaquinha do tipo "Broca da tia Zequinha", para se fazer um julgamento semiótico (!) que diferencie uma da outra. Fui andando meio perdido e logo uma das cozinheiras-caixas captou meu estado alfa e me interrompeu, perguntando se eu queria almoçar. Soou como um diferencial pra mim e aceitei.



O açaí que eu tomei não tem nada ver com esse da foto

Com o peixe pipocando na frigideira, não dava pra querer outro prato. Perguntei o preço, ela olhou rápido para esta face singela de rapaz bem nascido e criado em apartamento (só a cara, mesmo) e respondeu "sete reais". Simulei um princípio de ataque epilético e ela baixou para R$ 6. Manda.

Enquanto ela preparou a comida, observei a vizinhança. Quase todos são homens; mulher tem vergonha de comer em feira? Tem gente com cara de motorista de ônibus, de flanelinha, de feirante, de funcionários de pequenas empresas próximas e alguns, de fregueses da feira. O melhor é que parece uma festa. Todo mundo conversando e rindo enquanto come. Um clima de cordialidade e leveza que não se vê em restaurante algum, muito menos em intervalo de trabalho num dia de semana.

"Opa! Chegou a comida. Ótima.

"Manda o açaí. Ralo...

Caro, me enrolaram. Toma. Até mais".



Só pago quando vejo essa placa



Na saída, vejo quatro bancos de uma das barracas amarrados entre si por uma corrente com cadeado. Toda aquela cordialidade é cercada por ladrõezinhos mulambentos que não poupam nem bancos de madeira velhos, nos quais pessoas acima de 100kg devem temer relaxar os glúteos de suas nádegas.

Ando mais um pouco e vejo um papelão cobrindo o para-brisa do meu carro. Quando eu cheguei para o almoço, não tinha flanelinha. Tiro o papelão e aparece um jovem para pegar os trocados. Atrás dele, um velho muito invocado enxota o rapaz, que sai correndo. E meio a toda aquela leveza da feira, nego toma o lugar de flanelinha alheio para subtrair-lhe vinte e cinco centavos.

Peixe, açaí, feira, medo de roubo e pilantragem. Nunca me senti tão paraense.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Regressão Telepática-religiosa



Candelária: origem da lenda, início da caminhada


"Feche os olhos. Respire profundamente. Solte um peido. Isso, silencioso, mortal. Não, não abra os olhos. Permaneça concentrado. Agora imagine uma multidão caminhando pela calçada de Copacabana. Mais gente. Mais ainda, como se fosse a espera para assistir os fogos da virada do ano, só que de dia. Isso, tipo aquele show dos Rolling Stones, pode ser. Todos caminhando lentamente, cantando ladaínhas. E de repente se ouve:

- Viva nossa senhora de Nazaré!
- Vivaaaaaaa!!!

"Imagine o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani, pegar o microfone e, do trio-elétrico que vai à frente da berlinda, começar a falar:

- Vamos, irmãos, sigam nessa demonstração de fé que permanece na cidade há mais de 300 anos...




Com a multidão e o calor, romeiros aproveitam para tomar um banho


"Dom Orani continua incentivando a caminhada, que começou na madrugada daquele domingo. Os fiéis que participam da romaria já demonstram estafa, após quase 10 quilômetros de chão. Segundo o Dieese, são 8 milhões de romeiros; a Polícia Militar calcula uns 5 milhões; para os evangélicos, são só meia dúzia de gatos pingados.

"O arcebispo continua falando no microfone, como desde o início da procissão, na Igreja da Candelária, no Centro da cidade. O religioso conta a lenda da capela, construída por um casal de espanhóis que encontrou a imagem da Santa várias vezes, depois que ela desaparecia misteriosamente da casa dele, na cidade. Pela imagem, o casal teria conseguido escapar de um naufrágio da embarcação, com o nome de Candelária.

"Ainda de olhos fechados, concentre-se no esforço das pessoas, no olhar das beatas ao céu, nos pés descalços dos jovens que seguram a corda, nas moças carregando objetos de cera. Não, ninguém leva barco de miriti na cabeça ou caranguejo no corpo. Mas tem um grupo de surfistas com pedaços de prancha, isso tem.

"Já estamos quase na chegada, em um palco montado em frente ao Forte de Copacabana. Durante o trajeto, as dezenas de equipes de reportagem - muitas internacionais - acompanham pela internet cada metro percorrido pela berlinda, por meio do GPS acoplado na coroa da Santa.




Técnico da festividade encaixa o GPS na coroa


"Sim, já pode parar de soltar pum. Era só unzinho pra relaxar. Na chegada da berlinda, o rei Roberto Carlos canta 'Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino...', enquanto a imagem passa na mão do prefeito, governador, presidente (quase deixa ela cair!), de um ator que bombou na última novela, de um ex-BBB, um cantor que a Globo tem empurrado goela abaixo...

"No palco, permanecem as celebridades nacionais para uma "missa" ao ar livre, apresentada pelo Faustão. Enquanto o padre Fábio de Melo canta a primeira música, a Santa, o arcebispo e o presidente saem, de helicóptero, para a Catedral Metropolitana. Lá, já estão esperando diversas personalidades internacionais VIP Plus. Angelina Jolie furou em cima da hora, porque estava adotando uma criança na Tasmânia. Mas compareceram Dalai Lama, Nicolas Sarkozy, Billy Graham e até a Madona, apesar da chiadeira dos mais xiitas, por conta de um antigo clip polêmico. Talvez tenha sido perdoada pela sua atual proximidade com Jesus. O Luz. Rá. Feche os olhos, não desconcentre. Foi só para relaxar.

"No Brasil inteiro, quem liga a TV na Globo se depara com o mar de gente, em uma transmissão apresentada por Fátima Bernardes, com comentários do padre Marcelo Rossi. Antes de cada intervalo, uma poesia incompreensível do Pedro Bial. É o dia inteiro nisso. Que nem no Criança Esperança.

"O Círio de Nossa Senhora de Nazaré do Rio de Janeiro acirrara ainda mais a rivalidade com São Paulo, Estado de origem da lenda sobre a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, fato não facilmente engolido pela Globo. No dia da santa paulista, logo depois da grande procissão, 12 de outubro, só dá matéria de Dia das Crianças na TV carioca..."



Anjo carioca com medo da "santa negra" de Aparecida

- Permaneça de olhos fechados, meu filho. Ainda não terminei...
- É que eu já tenho que ir
- Você vai para a trasladação?
- Não. Festa das Chiquitas.
- Hum...
- Mas a sessão de hoje foi bacana. Só faltou uma coisa: cadê o tal do almoço do Círio com a broca típica do Rio?
- Lá não tem comida típica.
- Ah, tá. Ó, outra coisa. Se o nosso Círio fosse pra lá, seria justo eles darem aquele carnavalzão pra cá, num é?
- Seria.
- Depois a gente conversa sobre o assunto. Até porque, na próxima, visualizar como teria sido a Revolução Francesa em São Tomé e Príncipe.
- Aí já não é mais francesa...
- A gente dá um jeito.
- E quando vamos começar as sessões de regressão para vidas passadas, para tratar seus traumas?
- Afff...deixa só eu imaginar como seria se o Albert Einstein morrido antes de...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

E se as olimpíadas fossem em Belém?




Até os jogos, mais 30% do Portal da Amazônia serão executados


Confabulo comigo mesmo sobre a hipótese de a capital paraense ser escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Pra começo de conversa, só consigo imaginar o Pinduca fazendo festa com o mesmo sorriso quadrado, enquanto Anna Júlia e Duciomar disputam a tapa um beijo no Lula, sempre com o Ney Messias de papagaio de pirata involuntário ao fundo. Isso tudo ao som da banda Calipso, orgulho nacional dos bregueiros de Manga-city, tocando em um palco no Ver-o-peso. Clichê que impressiona a gringaiada.

Vem à minha mente a câmera que dá uma geral na plateia e faz um close nuns neguinhos caras-de-bandido, sem camisa e cabelos enloirados, fazendo um "T", no melhor estilo "mamãe sou bregueiro". Na saída da câmera, a imagem rápida de vários cartazes do tipo "Vamo subir, Papão", "Vamo cair, Leão", "Associação dos concursados manifesta seu repúdio por..." ops!, esse último não deu pra ler todo.


A cantora antes de colocar 540ml de silicone

A câmera volta aos importantes. Na ala VIP, teríamos aquelas celebridades da nossa terra. Sim, aquelas latas manjadas que a gente vê há 20 anos. Claro que não seriam as únicas presentes; haveria várias de naipe nacional. Mas o câmera foi pago por fora para filmar só as "nossas". Por exemplo, penso no Verequete quieto, sendo sacudido e cercado por uma turba saltitante, com o olhar no infinito e além, como quem não sabe o que está acontecendo. O governador de São Paulo Nilson Chaves chorando, Lucinha Bastos e Dira Paes se abraçando - com o Robgol ao fundo, de papagaio de pirata voluntário - , Fafá de Belém...bem, eu só imagino ela exibindo os peitos com um decote enorme. E dando uma risada gótico-diabólica a cada cinco minutos.

Emocionado com a vibração do público, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro desce do palco e abraça a galera da frente. Um puxa daqui, outro puxa de lá, e ele começa a tentar se sair, com um sorriso sem graça, até que escapa, aliviado. Só quando voltar ao hotel vai dar a falta da carteira.

Na semana seguinte, a população da cidade se dividiria em dois blocos: os que criticam a escolha, por saberem que Belém não tem capacidade para sediar os jogos; e os empolgados que comemoram e elogiam a escolha da cidade, mesmo sabendo que Belém não tem capacidade de ser sede. Nem da seletiva regional indígena de pinball para portadores de síndrome de down.

O Lula daria entrevista falando da importância de uma Olimpíada na Amazônia, devolvendo a auto-estima dos índos que moram aqui. Aproveitaria para cometer mais umas duas gafes e faria os jornalistas rirem com umas cinco piadas. Em seguida, a Ana Júlia falaria qualquer coisa que decorou para a campanha de reeleição, cometeria cinco gafes e contaria oito piadas sem graça. Para completar, o Duciomar pegaria o microfone e...os jornalistas começariam a levantar, por achar que o baixinho com cara de Luigi sem bigode era só o auxiliar de som.


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ESTRUTURA

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O alojamento da Argentina será um dos melhores


Vêm à minha cabeça promessas fabulosas, como a construção de um grande parque aquático na Ilha das Onças, em frente ao Ver-o-peso. Para facilitar o acesso, uma ponte do naipe da Rio-Niterói. O resto do equipamento esportivo ficaria ao redor do Mangueirão, abocanhando o terreno da marinha e mandando as forças armadas para qualquer terra distante.

Na hora AGÁ, só uns 18% das promessas seriam cumpridas. As provas aquáticas acabariam em uma Escola de Educação Física recauchutada, porque a ponte mal saiu do papel. No mangueirão, a capacidade do estacionamento ficará reduzida à metade, já que o governo não conseguiu desocupar tudo a tempo. Flanelinhas faturam. Life goes on.

Em termos de infraestrutura, até os jogos, o prolongamento da avenida Independência terá avançado cerca de 7,3% rumo ao nada; a prefeitura comemorará como se tivesse ganhado a Copa do Mundo ao completar metade do Portal da Amazônia, após conseguir verba extra com a venda subfaturada do Palácio Antônio Lemos para a McDonalds; e o viaduto da Julio Cesar com a Pedro Álvares Cabral será inaugurado uma semana depois da festa de encerramento das Olimpíadas.

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ESPORTIVIDADE

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O perfeito simbolismo do nosso mascote-rei

Em termos de esporte, o Brasil continuará uma potência mundial da América Latina lusófona. Os papa-chibés ufanistas vibrarão com a participação de um paraense que é goleiro reserva da seleção de handebol, pelo histórico resultado da 9a colocada nos jogos.

Ainda não foi é vez que o futebol ganha sua primeira medalha de ouro. O Neymar, com 24 anos, pipocou à la Robinho e o lugar mais alto do pódium foi para a Venezuela, como previu Hugo Chavez. O vôlei perde por marra, mas ganha todos os outros campeonatos disputados num raio de três anos e meio.

Outros esportes que metade da população não sabia que existiam entrarão no foco da mídia por conta de brasileiros fora-de-série. Tô sentindo que vem medalha de ouro aí em esgrima e em luta greco-romana. É uma forma de substituir os ouros então já aposentados de atletismo e de vela.

No fim das contas, todo mundo ficará satisfeito por que o Brasil ficou meia medalha de bronze à frente da Argentina e conseguiu mais pódiums do que nos jogos anteriores. Amém.


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AVALIAÇÃO FINAL

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Ficamos de recuperação nessa...


Os jogos olímpicos em Belém serão um fracasso retumbante sob qualquer ponto de vista. Para os ufanistas, obviamente, porque a história não foi tão colorida quanto eles pintaram. Para os apocalípticos, porque não foi tão ruim assim quanto profetizaram. Sequer uma catástrofe acontecerá.

Durante os jogos, a maior reclamação dos estrangeiros será quanto ao calor infernal, alternado a temporais dilúvicos. Atletas desmaiando durante as provas e chefes de delegação escrevendo "bem-vindos ao Congo em labaredas flamejantes" pelas paredes. Mas não será grande problema. Dois meses depois a imprensa internacional esquecerá que um dia o Brasil sediou a Olimpíada. Life still goes on.

Nossas peculiaridades, como os jacarés andando pela rua, as índias nuas seduzindo os dinamarqueses e, principalmente, os peitos da Fafá de Belém pulando para fora do sutiã GGG, suplantarão quaisquer problemas técnicos. Todos ficarão boquiabertos quando nossa pira olímpica for acesa de forma espontânea, ao ser encostada no asfalto da Almirante Barroso ao meio-dia. Afinal - convenhamos - ninguém esperava um primor técnico.


No final das contas, tudo será uma festa.


Pensando bem, até que do Rio de Janeiro para Belém não tem tanta diferença assim, né não?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tuiteiros e suas subclasses




Relutei em entrar no Twitter, primeiro porque ninguém sabia explicar o que era e para que servia. Hoje, usuário assíduo, vejo que tudo o que me falavam sobre o Twitter não tinha nada a ver com o que ele é.

Meus diálogos em torno do assunto eram algo do tipo:

- Mas qual é a graça de um troço que todo mundo escreve até 140 caracteres?
- Ah, é legal, vai entra, entra, entra!
- O Twitter parece ser um Orkut piorado, um MSN 0.2 limitado...
- É bacaaaana, tu é o único jornalista do mundo que não tem Twitter. FAZ LOGO O TEU!

Pensei "por que entrar?", "por que não entrar?" e, depois de um "somebody love", acabei fazendo meu cadastro. Mas o fator decisivo foi uma conversa com o Anderson Jorge (www.bebadogonzo.blogspot.com). "Cara, o Twitter é realmente uma bosta como tu tá achando", disse-me. Orgulhoso por estar certo, resolvi ceder para poder criticar com mais propriedade.

Depois de uns dois meses de uso contínuo desta magnífica ferramenta de microblogging (ui!), pude verificar um padrão de comportamento entre os usuários. Com base em três semanas de intensas pesquisas nas bibliotecas das universidades de Harvard, Yale e Fapan, além de entrevistas com professores de Massachusets, Fabel e Columbia Pictures (?), me sinto em condições de passar a vocês as minhas impressões.

Claro, com a devida vênia de @pedrox, o único que pode falar sobre o Twitter com verdadeira propriedade, já que criador e criatura se confundem. Sei que corro o risco de sofrer uma trovoada de nosso todopoderoso colega por falar o nome do Twitter em vão sem sua expressa autorização, mas ponho minha conta em risco. Espero sobreviver, enfim.


Que tipo de tuiteiro você é?


Já ouviram falar sobre empresas de recursos humanos que usam o Orkut como uma das fontes de informação para seleção de candidatos? Poisé. No mesmo sentido, é possível afirmar que a forma de uma pessoa tuitar fala tudo que se precisa saber sobre sua personalidade.

Psicólogos modernos com pós-doutorado em mídias-eletrônicas-sociais-inúteis são capazes de identificar, com base em três tuitadas, se a pessoa sofreu abuso sexual na infância, seu prato preferido ou a posição em que costuma dormir.

É possível fazer um mapa-astral com base naquilo que você expõe no Twitter. Suas ânsias, vontades, paixões, desejos, frescuras, boiolices, são todas impressas intrinsecamente em cada um dos 140 caracteres digitados em uma gorgeada virtual. Portanto, seu passarinho retardado, cuidado com o que você tuíta!

Confira os perfis mais frequentes identificados pelos psicólogos doutores em mídias-eletrônicas-sociais-inúteis. Importante ressaltar que um tuiteiro pode ter mais de um perfil dos listados abaixo, mas provavelmente um deles irá prevalecer.


Tuiteiro Compulsivo:

Também conhecido como Tuiteiro Narcisista, pode ser comparado ao bêbado no Karaokê, que não larga o microfone. Ele acha que é o único seguido por todos os seus followers. Por isso, se dá ao direito de metralhar caracteres malucamente. Acha que, se ficar duas horas sem tuitar, tem que compensar contando tudo o que fez nesse meio tempo - até o número de pedaços de merda que cagou na sua última visita à privada.

Uma das características do tuiteiro compulsivo é sua enorme capacidade de reunir imenso número de unfollows em poucos segundos. Tal capacidade é normalmente potencializada com uma habilidade acima da média de contar piadas sem graça e - pior - achar que todo mundo tá gostando.

Tuiteiro Vagalume

É o cara que fez seu cadastro no Twitter só por fazer e dá sinal de vida a cada três meses. Como um vagalume, hora aparece; hora some. Provavelmente entrou na onda por insistência dos amigos mas não teve a paciência de usar por uma semana direto, para sacar como a parada funciona. Inclui famosos que querem se passar por moderninhos.

Ele não se deu oportunidade ao vício mas, de vez em quando lembra "rapaz, e o Twitter, como será que tá?", e entra pra dar uma olhada e tuitar qualquer coisa. Normalmente seus únicos followers são outros Tuiteiros Vagalumes, já que pessoas normais não gastam nem meio byte seguindo múmias virtuais.

Tuiteiro Conta-gotas

Muito diferentes dos Vagalumes, os Tuiteiros Conta-gotas costumam passar o dia inteiro online, sempre dando F5 na página do Twitter pra saber o que tá rolando. A diferença é que eles são metidos a sábios e querem ser conhecidos como OS CARAS, que soltam apenas GRANDES PÉROLAS para benefício da humanidade.

Alguns são bem-humorados, outros são rabugentos. Em comum eles têm o ódio mortal a todo Tuiteiro Compulsivo. Para eles, uma tuitada deve ser sempre algo relevante em prol do progresso da comunidade nerd. Por isso, os prolixos deveriam ser banidos do sistema internetal. "Maldita inclusão digital", pensam a respeito dos demais.

Tuiteiro no Divã

É a garotinha que foi chifrada pelo namorado e vai xingá-lo para todo mundo ouvir. É o funcionário que reclama da suvaqueira do patrão. É a dona-de-casa que divide com os outros coisas como as brochada do marido, o filho que cagou-se nas calças de novo, a conta do telefone e o arroz queimando na panela.

Tuiteiro no Divã parte do princípio que seus followers são todos psicólogos pagos e prontos para ouvir suas agrúrias. O Twitter é seu muro das lamentações, seu Poço dos Desejos, seu saco de pancadas, enfim, um útil instrumento para descarga das tensões diárias.


Tuiteiro Reclamão


Não confunda com o do Divã. Nada a ver. O Reclamão não fala de si; ele mete pau nos outros (ai!). Toda música que toca é uma merda. Todo filme da Globo é bosta. "Aliás, Band, SBT, Rede TV e todas do canal fechado é tudo mesma porcaria".

Se o preço do dólar cai, algum dejeto o Governo Federal fez pra defecar nas exportações. Se o preço sobe, o governo cagão tá ferrando com a gente coitada que quer importar eletrônicos. Novela boa era Roque Santeiro e a última partida razoável de futebol da seleção brasileira foi em 1982.

O trabalho tá escroto. O estudo foi ruim. As ruas são engarrafadas e esburacadas. A cidade está perigosa. Tudo uma merda e não há nada de bom. TUDO É MERDA, OUVIU? Tá olhando o que? Seu follower de merda...

Tuiteiro Poeta

Inútil é a gorjeada que não suscita reflexões capazes de mudar dialeticamente a memória histórico-semântica de um povo em construção. Não acham? Nem eu. Mas o Tuiteiro Poeta tem certeza.

Na ânsia de falar bonito, acaba soltando besteiras dignas de um Vade Mecum de pérolas. A questão é que, via de regra, é gente famosa, quase-famosa ou pseudo-famosa que embarca nessa onda. Então, não importa o tamanho do paradoxo tuitado; vai sempre ter mais follower babão batendo palma do que nego dando unfollow. E a fama crescente será o gás para mais poesias semântico-contraditórias.


Tuiteiro Milton-neves

Para esses aqui, o Twitter é mais uma ferramenta para expansão da "alma de seu negócio". Em vez de se limitar a divulgar um blog recém-atualizado, o Tuiteiro Milton-neves vive apontando algum link de propaganda para alguma coisa, incluindo para sua própria vanglória.

Pode ser a festa de formatura da sala da irmã da filha da empregada que trabalha com a vizinha de sua enteada, que tá precisando de uma forcinha; ou até o pedido de uma ajuda para participar de uma promoção em que precisa de muitas indicações de amigos. A verdade é que você já sabe que sua tuitada vai ser pra pedir que você faça alguma coisa que não está nem um pouco afim de fazer - e sequer de ler.

Ainda não tive esse prazer, mas, antropologicamente falando, deve ser interessante seguir um Tuiteiro Milton-neves xiita da Herbalife...

Tuiteiro Caça-follower

Seu sonho é ser visto como uma celebridade do mundo virtual, tipo a @Twitess, que não é $%¨& nenhuma e todo mundo conhece. É mais comum entre adolescentes, ávidos por auto-afirmação.

A ideologia do Caça-follower é seguir todo mundo, na esperança de ser seguido também. Se, dentro de alguns poucos dias, não for seguido, dá unfollow e parte para a próxima.

Em vez de fazer propagandas de sites ou outras chatices, o Caça-follower cria complexas redes de amizades para tráfico de influência. Os followers são vistos como mercadorias. Entre acordos, dois caçadores se compromentem a se citar reciprocamente em um #followfriday para conseguir mais adeptos.

No final das contas, é uma suruba desgraçada de todo mundo se seguindo. O Caça-follower de repente vê sua timeline cheia de tuitadas inúteis, com origem desconhecida. Pelo menos, pode se orgulhar de ter mais de dois mil followers! Rá, morram de inveja!


Vocês conhecem quem se encaixa em algum dos casos? Digam, falem, tuitem, comentem!