Passei o mês inteiro ensaiando um discurso de que não há incoerência em se participar de protestos e torcer pela Seleção. Apoiar atletas não desfaz meus atos contra a corrupção na Copa. São duas áreas distintas.
Mesmo assim, o lado político mantém meu nível de empolgação mais baixo que o Sistema de Cantareira. Minha paixão futebolística está em blecaute.
Pelo menos até agora. Pode ser que o primeiro bordão do Galvão Bueno injete uma dose de patriotismo nas minhas veias de forma que eu chore por causa de um gol contra o Brasil, como no empate da Holanda em 1994.
Mas até agora, apesar de eu estar torcendo pra Seleção, acho que vou rir muito se o Brasil levar umas peias e voltar mais cedo pra casa. Ops.
Protestos e futebol são conjuntos diferentes mas têm seu ponto de interseção. E essa área comum é a certeza de que, independente do resultado, vou ter o que comemorar.
Brasil campeão? Pega-te, sai que é tua Taffarel, é Tetra.
Brasil derrotado? Beleza! Pelo menos 1% de voto a Dilma vai ter que perder.