sexta-feira, 24 de janeiro de 2014



Tenho três irmãos que deram certo. Minha mãe teve quatro filhos, então a média tá ótima. Imagina o cara acertar 75% da prova? Passa em qualquer concurso. O atacante que arremata 3/4 dos chutes põe o Messi pra engraxar-lhe as chuteiras. Parabéns, mamãe. Não é um chute pra lateral que desmerecerá seu labor.

Sinto-me como um erro da Matrix. Aliás, se eu estivesse lá seria um problema. Nenhum cabo encaixaria no meu plug da nuca. Teriam que fazer gambiarra pra me conectar na Matrix. Aí eu ia entrar lá só pra querer ficar dando cambalhota no ar, vê se pode. Na primeira oportunidade os caras iriam diluir escondido a pílula azul no meu suco e me devolver à ilusão superficial da vida.

Sempre fui estranho - desde o tempo em era bem fora de moda, diga-se. Ainda assim, hoje, que é mais aceita, minha esquisitice está fora dos padrões normais de estranheza aferidos pelo Inmetro.

Mas calma que sou um estranho inofensivo, sob controle. Ser normal me exige esforço equivalente ao de segurar um peido. Aguento o necessário, me libero assim que der.

Já fui pior, minha loucura era institucionalizada. Fui sócio-criador da Associação dos Faladores de Merda do Colégio (Afomc), na 5ª série. Nossa missão era produzir textos com o menor nexo possível. Uma das obras primas - que dariam inveja a qualquer Djavan - foi autoria de um amigo de verborragia nonsense. Era uma página sobre nada, apenas com frases desconexas. Só lembro do final: "...celenteradamente falando sobre cultura afro-asiática".

Achei por acaso essa obra prima da poesia modernista, cinco anos mais tarde, e quase tive um ataque epilético de tanto gargalhar. Mostrei pro colega mais risonho da turma, no Ensino Médio, e ele olhou com cara de "e daí" e só sorriu por educação.

Tá vendo, mãe? Parabéns de novo. O cara era filho único e não deu certo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014



Se o Faustão tivesse Facebook, ele sentiria orgulho da sabedoria que transmite do Domingão. A juventude brasileira desligou a TV aos domingos pra despejar merda na internet a semana toda.

O que já se teorizou sobre os rolezinhos dá impressão de que são compostos por teóricos do socialismo científico. Tipo o artista consagrado que solta um pum e é interpretado como um protesto contra floriculturas multinacionais.

Rolezinho é zoeira. Um multiplayer extended version 4.0 de se tocar a campainha e sair correndo. Zerar é rir da cara de assustado dos outros. Num país que pariu arrastões funciona que é uma beleza.

Interessante é que tem rolezinho todo dia no Shopping Castanheira e ninguém fala nada.

Deve ser divertido pra caramba participar. E uma tortura psicológica estar no outro lado. Os moleques deram cheque mate: ou os caras ignoram (deixam os consumidores apavorados, de vez em quando); ou agem de forma estabanada, como ocorreu. Uma reação era necessária, mas filtrar melanina na porta do shopping provavelmente não foi a melhor opção.



***

Também já dei meus rolês. Ainda criança, integrei o coral para o Caganalata. Ele era um sem-teto que usava o terreno baldio - vizinho ao meu prédio - pra esvaziar as entranhas intestinais. Legal que não fazia o cocô no mato; o cara se preocupava em acondicionar seu subproduto alimentar num recipiente metálico, daí o apelido. Só que, devido a nossa interrupção sonora (berros de "EI CAGANALAAATA!"), nem sempre seu o procedimento era concluído com êxito.

Como se já não bastasse a miséria, o coitado não tinha paz nem pra cagar. Se fosse hoje, então, a fabricação de torpedo dele estaria no Youtube. Mas a gente cresce e percebe que não precisa sacanear outros pra se divertir.

Seu sei que nessa idade ninguém é santo, mas o rolezinho pelo menos assusta barões. Já eu, carrego o sentimento de culpa de forçar o corte prematuro do rabo do macaco de um mendigo. 

Então, por favor me ajudem a achar o Caganalata. Compartilhem este post, vai que ele se deu bem e hoje tem Facebook.

Me ajudem a levar essa mensagem de carinho.

Caganalata, nós amamos você.

domingo, 12 de janeiro de 2014

No aniversário de Belém eu lembro de uma das cidades mais feias que já vi: Rio de Janeiro. O preibói que só anda pela Zona Sul já tá me achando doido. Mas manda ele passear pela parte de dentro da cidade. Vai ter vontade de baixar a calcinha da Elza Soares pra aliviar a vista.

Quando se fala de Rio de Janeiro, logo se pensa em paraíso, praias, mulheres semi-nuas correndo em câmera lenta. E uns tirinhos de fuzil viajando entre morros, também. Ou seja, oura propaganda.

Mas a verdade é que o Rio é um emaranhado de peças que não se encaixam, um Frankenstein. Alagamentos, assaltos, trânsito, morros e praias são o padrão. De vez em quando desce o estande do inferno e vira um caos. Tão Belém!

O Rio de Janeiro é uma Belém ao extremo. No nas belezas, nas agruras, no marketing. Se a gente tivesse um pingo dessa publicidade - e estrutura turística ao menos homeopática - Belém seria uma concorrente do Nordeste, uma Fortaleza Amazônica.

A gente não faz  nem o dever de casa mais básico, que é maquiar a cidade pra enganar uns turistas trouxas. Basta esconder a parte podre que as lindezas saltam à vista.

Se nem os gringos se agradam, que resta a nós, pobres moradores?

Falar mal de Belém

E visitar o Rio nas férias

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014



Reclamar do BBB dá tanto prazer quanto acompanhar BBB, aponta estudo. Mas pode ver que quase todo mundo que hoje desdenha do BBB já foi espectador assíduo de pelo menos uma edição.

Eu mesmo. Lembro nitidamente da euforia no começo e me apeguei aos nossos HERÓIS da segunda edição. A melhor até hoje foi a terceira, com o embate entre Alemão x Alberto, e um pano de fundo composto por Fani, Iris, Flavia e Natalia.

Continuei acompanhando de longe, com interesse decrescente, até a edição 11. Espiei tão pouco que nem consegui escolher um pra torcer. Só percebia quem era chato demais pra ganhar. Com o tempo, a figura mais insuportável da casa foi virando favorita. Cada palavra de Maria, a Louca, tinha o efeito de um coito interrompido, pra mim.

Exceto pela estética, Maria, a Louca, encarnava muito do que uma mulher precisa ter pra eu fugir na direção contrária. Num é possível que um cancro desse ganhe. E ganhou.

Meu tesão pelo BBB à época já tava meia bomba. Com mais esse golpe, não teria pílula azul que desse jeito. Vi minha mentalidade entrar em choque com a opinião pública. Não fazia mais sentido.

Além disso, saí da redação de jornal. As capas dos periódicos e os comerciais de TV eram quase toda minha fonte Big Brodeana. Hoje, o tema jaz no fundo do oceano da minha ignorância. Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.

Mentira, num tenho raiva nada. Mas é que achei uma parada bem mais legal do que ver BBB: acompanhar as discussões cíclicas anuais entre defensores e detratores do programa. Funciona muito bem quando o debate do MMA (é esporte ou não?) perde o efeito.

Por exemplo agora.

#Partiu

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